O estado de Minas Gerais, maior produtor de leite do Brasil, faz um alerta para o risco de desabastecimento no mercado interno. A nível nacional, o Sistema Faemg iniciou no estado esta semana, o movimento “Minas Grita pelo Leite”. A ideia é que o setor consiga pressionar o Governo Federal e barrar as importações de leite vindos de países do Mercosul, principalmente da Argentina e do Uruguai.
As importações que desde o ano passado ocorrem com recordes de volumes, têm sido o motivo de uma grande crise no setor leiteiro, levando muitos produtores a abandonarem a atividade.
A sensação de insegurança e apreensão entre os pecuaristas cresce a cada dia. O decreto do governo federal, que entrou em vigor no dia 1º de fevereiro deste ano, tinha a intenção de inibir as importações, mas não sutil resultado, já que as importações de leite naquele mês também foram volumosas.
“É muito preocupante o cenário, pela desmotivação que gera na cadeia produtiva, fazendo com que muitos produtores saiam da atividade. Além dos problemas de ordem econômica e social, com o risco que se corre de um desabastecimento, passando a termos dependência de lácteos importados”, ressalta o presidente da Abraleite, Geraldo Borges.
O Brasil sempre foi autossuficiente em leite e as importações representavam apenas 3%. No entanto, o ritmo acelerado do ano passado fez com que esse volume crescesse de três a quatro pontos percentuais.
Somado a alta das importações, o alto de custo de produção também ajudou a acarretar um grande volume de produtores abandonando a atividade, não só em Minas Gerais, como em outros estados. “Temos informações, por exemplo, da Emater do RS, mostrando que o número da saída de produtores foi gigantesco nos últimos anos, ajudando a culminar com essa crise instalada no setor”, explica Borges.
Recentemente a Abraleite, ao lado de outras entidades, levou até o governo federal pedidos para neutralização das importações subsidiadas, renegociação de dívidas e a efetivação de aquisições governamentais de leite em pó nacional em volumes consideráveis que surtam efeitos positivos.
O movimento “Minas Grita pelo Leite”, deve contar com a presença de lideranças políticas, cooperativas e produtores rurais em reunião na próxima segunda-feira, 18 de março, em Belo Horizonte, no Expominas, para um ato de manifesto.
Entre as reivindicações do setor, estão:
° Suspensão com as importações subsidiadas da Argentina ou adoção medidas compensatórias ou salvaguardas imediatas.
° Plano Nacional de Renegociação de Dívidas de todos os produtores de leite.
° Inserção permanente do leite nos Programas Sociais do Governo Federal.
° Ampliação da fiscalização no âmbito do Decreto 11.732/2023.