Na cadeia leiteira, o preço pago ao produtor voltou a registrar queda no mês de outubro. O último boletim divulgado pelo Cepea apontou uma queda de 6,5%. Vale destacarmos que o boletim se refere ao leite captado em setembro e pago em outubro. O preço na média nacional ficou em R $2,84 o litro e em comparação com o ano passado o valor representa um avanço de 15,5%.
Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de setembro /2022) / Fonte: Cepea-Esalq/USP.
O Cepea pontuou o movimento de alta no preço pago ao produtor, que durou de janeiro a agosto deste ano. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, destacou que esse movimento de alta, foi enfraquecido com a queda da demanda por lácteos, que pressionou as cotações na cadeia e também pelo aumento da oferta e da importação.
A queda no movimento altista, reflete a recuperação da produção de leite em muitas fazendas brasileiras, após um movimento onde muitos produtores haviam abandonado a atividade no início do ano. A produção tem se recuperado nos últimos meses, ainda que sobre uma base produtiva menor. O crescimento na produção de leite se deve aos maiores investimentos na atividade – os quais, por sua vez, foram viabilizados pelo aumento expressivo dos preços ao produtor (sobretudo entre junho e agosto) e pela queda nos custos de produção.
De acordo com o Cepea, o índice de captação do leite entre agosto e setembro teve uma elevação de 2,2%, o que representou o quinto aumento mensal consecutivo na cadeia brasileira. Ainda de acordo com o Cepea, no acumulado desde janeiro, esse índice teve um incremento de 8,7%. Já do lado da oferta, houve crescimento da disponibilidade de lácteos, devido ao incremento das importações. De acordo com dados da Secex, em setembro, o volume importado de lácteos chegou a 203,5 milhões de litros em equivalente leite, avanço de 14,9% frente ao de agosto. Com isso, o déficit da balança comercial bateu recorde e se aproximou de 195,4 milhões de litros em equivalente leite em setembro.
Tipicamente, é de se esperar que, com a aproximação do fim da entressafra, a produção ganhe fôlego no último trimestre do ano – o que reforça a tendência sazonal de preços em queda. Contudo, existe divergência na expectativa do setor quanto à intensidade que esse movimento baixista pode atingir. O desafio que se coloca para a indústria é o de fazer reduções no campo sem perder fornecedores para concorrentes.
