El Niño: Janela de plantio do milho segunda safra em risco

por | nov 16, 2023 | Agenda Agrícola, Agenda agrícola Destaque, Agropecuária Destaques, Plantio | 0 Comentários

A ação do fenômeno El Niño começa a preocupar a safra de verão no Brasil. O fenômeno tem ocasionado uma contração das chuvas na região centro-norte e uma concentração delas na região Sul, além das temperaturas elevadas em todo o Brasil. De acordo com especialistas, historicamente, as características severas do El Niño não haviam sido observadas em outros momentos, como em 2016, quando o Brasil registrou o fenômeno em baixa intensidade. O que preocupa é que a ausência de chuvas no Centro-norte do Brasil tem ocasionado um atraso significativo no plantio da soja e prejudicado a próxima janela de plantio, que seria do milho segunda safra. Lembrando que, de acordo com as previsões, existe a possibilidade de termos, na segunda quinzena de novembro, o fenômeno El Niño em uma intensidade ainda maior.

O analista da Pátria Agronegócio, Matheus Pereira, explica os impactos que podemos ter na safra de 2024, como a área total de grãos, menor. “Já sobre os grãos de verão, podemos ter uma estagnação de área, mas ainda é improvável. O produtor, por mais que esteja com medo, há muita janela que se estende até dezembro. Plantar soja em dezembro é bom? Não, mas entre plantar em dezembro de maneira tardia ou não semear, o produtor opta por semear. Mas a estagnação de área no verão é mais provável”, explica.

A grande preocupação é que as áreas que estão sendo semeadas de forma tardia em novembro inviabilizam o plantio da cultura sucessora, no caso, o milho segunda safra. “Porque o ciclo médio da soja no Brasil é de 115 dias, se você pressupõe que o produtor colocou a semente de soja no começo de novembro, ele só consegue retirar do campo ao fim de fevereiro. A janela ideal de plantio de milho segunda safra, por período fotossintético e chuvas, encerra no dia 20 de fevereiro para toda região centro-norte e nordeste do país”, explica Matheus.

E se por um lado o El Niño causa altas temperaturas, no Sul ele tem ocasionado o excesso de chuvas, que também tem atrasado a janela de plantio da soja. “O que precisamos destacar é que para o excesso há alternativas, para a falta de chuva não há. O excesso de chuvas é contornável, reduz, a soja fica com mais incidência de doença fúngica, mas é controlável. A falta de chuvas é que não tem solução, porque a vasta maioria do Brasil é sequeiro, se não tem chuva, não tem como ir lá e regar com a mangueira”, ressalta Matheus. E a expectativa é que o fenômeno El Niño perdure até o fim do primeiro semestre de 2024.

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