Café: quebra na safra 24 e a preocupação com bicho-mineiro

por | jun 14, 2024 | Agropecuária Destaques, Café, Mercado, Mercado Destaque | 0 Comentários

Peneira e rendimento baixo sinalizam possibilidade de produção menor

A colheita do café em Minas Gerais segue avançando em um bom ritmo. No entanto, os impactos climáticos começam a dar sinais. Rendimento baixo e peneira também baixa denunciam o resultado da ausência de chuvas entre os meses de setembro a março. O engenheiro agrônomo, Gustavo Rennó, confirma esse cenário em campo. “A safra realmente está tendo uma quebra”.

De acordo com ele, o contexto é resultado dos impactos climáticos que os cafeeiros sofreram no final do ano passado e início deste ano, com baixo índice pluviométrico e recorde de temperaturas altas. O mês de setembro do ano passado, foi um exemplo, quando o planeta registrou segundo o Serviço de Mudanças Climáticas, o mês mais quente da história com temperaturas chegando a 45ºC em muitos estados brasileiros.

Em regiões como Matas de Minas, onde a colheita está um pouco mais avançada, as perspectivas de quebra ficam entre 20 a 30%. “Foi uma região que teve uma florada muito antecipada”, explica Rennó.

Bicho-mineiro em meio a colheita

O cafeicultor Mário Garcia Reis Neto, cultiva no Sul de Minas, e aponta duas preocupações com essa safra. Uma delas é o rendimento menor e o surgimento recorrente de Bicho-minero nas lavouras da região.

“Aqui na fazenda ainda não tenho a média de litros por saca. No entanto, muitos cafeicultores da região, já acreditam em uma quebra aproximada de 20% na produção. O rendimento está mais baixo, a peneira está mais baixa e isso é um fato. Estamos no começo de junho e praticamente não tem café cereja mais, o café passou de verde pra seco. Esse ano o café despolpado deve ser muito pouco inclusive. O que temos são projeções de quebra”.

O produtor ainda pontuou que a ocorrência de bicho-mineiro em lavouras da região, também se tornou uma grande preocupação nas últimas semanas. O tratamento de choque com ação efetiva, é o mais indicado para período de controle curto, levando em consideração o momento de colheita nas fazendas.

Já pensando na safra 25, a expectativa fica no clima, que será decisivo nos meses seguintes. “Se continuar essa seca, vamos ter uma quebra também na safra 25”, lamenta o produtor.

Preços em alta

Tanto o café arábica como o robusta, tem tido boas cotações nas últimas semanas. Nos primeiros quinze dias de junho, as cotações de robusta, segundo os indicadores do Cepea, atingiram R$1.247,17 a saca de 60Kg. De acordo com o Cepea, esse é mais um recorde da série histórica, iniciada em 2001. A oferta aperta no mercado mundial, tem colaborado para esse cenário, bem como as dificuldades climáticas no Vietnã.

Ainda de acordo com o Cepea, no Espirito Santo aproximadamente 40% da produção estimada já foi colhida, e em Rondônia o avanço da colheita é maior, restando cerca de 25% da produção estimada para ser colhido ainda.

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