Fatores climáticos aliados à guerra da Ucrânia x Rússia colocaram o mercado de trigo em situação delicada este ano. O problema global deverá resultar em dificuldades no Brasil na compra do trigo. O especialista em grãos, Vlamir Brandallize, lembra que a situação leva o Brasil a ter o seu trigo mais valorizado, mas como grande importador, também comprará o produto mais caro. O que já liga o alerta para o consumidor final, que prática deverá ter itens derivados do trigo mais caros.
“A Ucrânia é uma grande produtora e exportadora de trigo. Normalmente ele exportam mais de 20 milhões de toneladas de trigo por ano. Nessa safra com todos os problemas que tiveram, dificilmente vão exportar 10 milhões, eles terão menos da metade do trigo disponível para exportar”, afirma.
Aliado a esse cenário outros fatores também dificultam o mercado do trigo. Como as sanções econômicas impostas a Rússia, que é atualmente o maior exportador mundial de trigo. E se tratando desse mercado, o país ainda exporta somente para países que pagam na moeda russa. Outra pressão sobre o mercado está relacionada aos Estados Unidos, que teve uma safra prejudicada por questões climáticas esse ano.
“O quarto maior exportado mundial de trigo, é a Índia que também está com problema. Eles estão vivendo um clima difícil, com altas temperaturas e falta de chuvas. Eles estão vivendo o período seco de muito calor, que é considerado o pior dos últimos 120 anos. As lavouras da Índia de trigo, de arroz, de açúcar estão todas com problemas” relata Brandallize.
Se tratando da Índia, vale lembrarmos que o país é o maior exportador de arroz e deverá ter dificuldades para cumprir essas exportações. Essa dificuldade pressiona o mercado de alimentos básicos, o que deve deixar o mercado brasileiro com cotações firmes. “Ano importante para o produtor plantar mais. É possível que a gente aumente até 50% a mais a produção e trigo em relação aos últimos anos. O Brasil sempre colheu de cinco a seis milhões, podemos chegar até 9 milhões este ano. Mas mesmo assim, vamos precisar importar muito trigo e vai chegar aqui mais caro e não tem o que fazer, porque a safra global de trigo está comprometida” afirma o especialista.
