Super El Niño pode persistir até 2024; NOAA aponta atualizações

por | ago 11, 2023 | Agropecuária Destaques, Clima, Previsão do tempo, Previsão do tempo Destaque | 0 Comentários

A agência climática dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) atualizou as probabilidades de ocorrência de um super El Niño, elevando-as para cerca de 2 em 3 chances, equivalente a uma probabilidade de 66%, de que um evento de magnitude substancial aconteça. No mês passado, os meteorologistas estimavam apenas 1 em 5 chances (20%). O super El Niño ocorre quando a temperatura do Oceano Pacífico atinge ou ultrapassa 1,5°C, exercendo influência sobre os padrões de chuva. No contexto brasileiro, esse fenômeno tende a reduzir as precipitações nas regiões Norte e Nordeste, enquanto as amplifica no Sul do Brasil. O impacto do El Niño será sentido na safra 2022/23. O gráfico liberado neste mês apresenta uma coluna vermelha que sinaliza a incidência prevista do fenômeno nos próximos meses, com probabilidades próximas de 100%.

Por que isso é relevante para o setor agrícola? Principalmente porque anos de El Niño intenso tiveram repercussões marcantes na produção brasileira. Isso serve como um alerta para a safra vindoura. Um estudo conduzido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) ressaltou os exemplos a seguir:

1982/83: Chuvas excessivas durante a colheita entre abril e maio de 1983 resultaram em perdas de 4,9 milhões de toneladas na safra de grãos da região Sul do Brasil. 1997/98: Os impactos do El Niño afetaram as plantações de milho, feijão e arroz. O governo brasileiro teve que utilizar estoques públicos para equilibrar a oferta nacional reduzida. 2015/16: A seca prejudicou as plantações de soja no Brasil Central e na região do Matopiba, abrangendo áreas agrícolas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O desenvolvimento dos grãos foi prejudicado, reduzindo o rendimento das safras. Enquanto isso, o excesso de chuva e a baixa luminosidade diminuíram a produção no Sul.

Por outro lado, o estudo apontou a possibilidade de aumento na produção de soja nas regiões Sul e Sudeste, devido ao aumento das chuvas. O mesmo padrão se aplica ao milho e ao café nessas regiões. O Sudeste e o Centro-Oeste podem enfrentar menos riscos de geadas na segunda safra, o que é uma notícia positiva. Entre os desafios, está a ameaça de uma seca mais intensa nas regiões Norte e Nordeste, comprometendo a produção. O café conilon do Espírito Santo está em alerta, uma vez que o verão pode não ser favorável à região, assim como os cafezais nas áreas do Norte e Nordeste. No Sul, o excesso de umidade e a falta de luz solar podem afetar o arroz e o trigo.

Nesse cenário, torna-se claro o quão importante é monitorar esses fenômenos climáticos e seus impactos na agricultura e, por extensão, na economia brasileira. Uma possível redução na safra poderia acarretar impactos nos consumidores, com uma oferta mais limitada de itens essenciais como arroz, trigo e café.

Fonte: Jovem Pan

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