Zamperlini, uma das 100 Mulheres da Forbes/Agro e produtora rural da região de Barretos, demandou estudos na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP),denominado “retrato do agronegócio na escola”, com relato sobre o conteúdo de 94 livros didáticos direcionados às escolas públicas de ensino fundamental e médio em relação ao agronegócio. A pesquisa concluiu que 87,8% das menções ao agronegócio nos livros analisados não possuem embasamento científico. E mais, o estudo mapeou também 746 citações negativas ao setor produtivo contra 472 menções positivas, ou seja, diferença de quase 60% do total das publicações que versam sobre conteúdos das mais variadas disciplinas com enunciados para interpretação de textos ou mesmo questões de geografia.
Alguns exemplos podem ser conferidos na frase “a queimada é uma prática de manejo agrícola usada para abrir espaço para as plantações de subsistência e para as pastagens de gado” e no trecho “os produtores utilizam agrotóxicos que causam danos aos solos, aos recursos hídricos e a contaminação de alimentos” ou “os indígenas estão sendo expulsos de suas terras e sofrem de desnutrição por não terem onde caçar, pescar e, sem comer, a mortalidade infantil é alta”, estes são fragmentos encontrados que despertaram a pesquisa e o movimento que pede a revisão do material escolar.
Esta redação do Play no Agro procurou o MEC para entender melhor as questões colocadas pela pesquisa e também saber como se dá a produção dos livros didáticos. Para esta fonte, existem diferentes perspectivas e opiniões sobre o agronegócio, e é necessário um olhar crítico e analítico sobre o tema. A nota contrapõe as informações apresentadas na pesquisa e alertam para estudos que sejam baseados em fontes confiáveis e que representem diferentes perspectivas sobre o setor, incluindo as questões ambientais, sociais e econômicas. Entretanto, o movimento que pede a revisão dos livros não deu entrada no ministério com nenhum pedido nesse sentido, afirma a assessoria de imprensa do MEC.
Ainda segundo o MEC, para difundir um livro didático, a Secretaria de Educação Básica daquele órgão, convida universidades públicas de notório saber na análise de livros didáticos, em cada área do conhecimento. Cabe a elas organizar equipes de pareceristas, formadas por docentes da educação básica, com qualificação mínima de mestrado, e pesquisadores e professores universitários, com comprovada experiência acadêmica, didática e pedagógica.
Cada obra é avaliada por pelo menos dois pareceristas; caso não haja consenso, ela é submetida a um terceiro. Dependendo dos temas tratados e das especialidades envolvidas, o mesmo livro é submetido a outros pareceristas especialistas em outras áreas do conhecimento com indicação de revisão.