Novo protocolo de degustação de cafés e a crítica a instituições brasileiras

por | fev 22, 2023 | Agropecuária Destaques, Editoria Especial, Editoria Especial Destaque | 0 Comentários

Confira o que foi falado no primeiro dia de painéis do Let’s Talk Coffee com Luisa Nogueira

Um turbilhão de informações reveladoras. Achei surpreendente o que presenciei no primeiro dia de painéis do Let’s Talk Coffee que acontece em Honduras. Começando pela palestra sobre tendências de mercado: Já ouviu falar no filme americano “De Mendigo a Milionário?” Foi a analogia citada pelo vice-presidente da Stonex, Albert Scalla, ao mostrar a curva de preços do café dos últimos 50 anos. “Toda vez que a gente tem um movimento grande de subida é porque literalmente algo afetou na produção de café do Brasil, como nesse último ano com a geada, seca e granizo”, conclui. Portanto, o alerta é para que o produtor observe esses momentos e faça suas negociações.

Albert Scalla criticou também as previsões de safras com números absurdamente diferentes das instituições brasileiras em relação as das empresas internacionais, o que mexe ainda mais com a volatilidade do mercado. Scalla também apontou o baixo crescimento do consumo e mostrou números como 5,38 milhões de sacas que deixaram de ser consumida na Rússia e Ucrânia e 4,87 milhões em países vizinhos. Mas para o especialista a melhor estratégia a ser adotada para o mercado de café é a promoção de consumo e puxou essa responsabilidade também para os países produtores que têm grande oportunidade de crescimento. A palavra de ordem é “marketing” para o café no nível de grandes marcas de outras bebidas.

O primeiro dia de painéis também contou com reflexões importantes.

Contar histórias e conectar pessoas é essencial para o crescimento da cadeia de café especial. Esse também foi tema de palestras que apresentaram a necessidade de trazer para xícara o que acontece na origem.

Mas o momento literalmente especial de hoje foi a apresentação do novo protocolo de provas sensoriais de café apresentado pela SCA, Specialty Coffee Association. Os cafeicultores, torrefações e especialistas participaram de um workshop piloto para entender o funcionamento do formato que deve ser adotado em todo mundo. O novo processo traz dois pontos importantes: a descrição dos sabores e a percepção e impressão da qualidade. Confesso que achei bem interessante e mais fácil na hora da prova, conversando com alguns degustadores, eles reforçaram o mesmo.

O diretor da SCA, Mário Fernandez, ressaltou o novo protocolo busca trazer mais transparência na identificação dos sabores e aromas e que a ideia é abrir mais a curva de pontuação. Para o professor Flávio Borém, da Universidade Federal de Lavras, que é doutor em pós-colheita de café, isso vai abrir mais a percepção de análise sensorial dos cafés especiais.

“Esse novo processo pode facilitar, mas desde que a pessoal entenda o que é uma escala de intensidade, o que é uma impressão de qualidade e depois que passar por um treinamento pode ficar mais intuitivo”, ressalta o professor que participa de uma expedição no país junto a nossa equipe do Play no Agro.

Para fechar gostaria de expressar a minha satisfação em ter essa oportunidade de troca de experiência e conexão para entender o quanto temos que aprender com esse mercado de cafés especiais mundo afora.

 

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