O Brasil importou este ano o maior volume de leite e derivados dos últimos 20 anos. As importações brasileiras, segundo a Embrapa Cileite, chegaram a 180 milhões de litros até o mês de julho. Esse volume é já bastante elevado em comparação com o mês de junho.
O cenário preocupa a cadeia, já que o acordo com o Mercosul que permite o livre o comércio entre países da América do Sul, isenta-os de impostos. A cadeia leiteira tem sido a mais atingidas nos últimos anos com as exportações da Argentina e Uruguai, que assumem esse ranking das importações brasileiras.
A Embrapa acompanha essa situação de perto em várias praças brasileiras, e a expectativa é de que alguma restrição na entrada desse leite importado, possa salvar a cadeia brasileira. Dentro “Vamos entrar no período de safra, a medida que a gente vai ter uma safra crescendo somando ao leite importado, com uma demanda fraca, como a demanda do primeiro semestre que foi pior que do ano passado, você não tem sustentação de preço”, ressalta Glauco Carvalho pesquisador da Embrapa.
O déficit da balança comercial brasileira de janeiro a julho deste ano, chegou a US$600 milhões ou 1.189 milhões de litros de leite. E no mês de junho tivemos a maior disponibilidade do leite nacional no mercado e uma queda de 6,1% no preço pago ao produtor. Na média nacional o litro do leite ficou em R$2,56, valor que representa uma queda de 19,9% em comparação com os últimos 12 meses.
O Brasil também registrou queda nas exportações, que em comparação com o ano passado ficaram 15,7% menor. No último mês o Brasil embarcou 5,8 milhões de litros.
O preço internacional do leite em pó integral foi cotado no início de agosto a US$ 2.864/tonelada, queda de 8,3% em relação a julho de 2023. Na mesma base de comparação, o leite em pó desnatado registrou queda de 2,4%, comercializado a US$ 2.454/ tonelada. E para o produtor a relação de troca leite/mistura também piorou; 31,5 litros de leite para aquisição de 60 kg de mistura.
Abandono da Atividade –
Segundo a Emater do Rio Grande do Sul, a expectativa é que o estado registre nova queda no número de produtores, que hoje é estimado em apenas 30 mil.
No levantamento da Embrapa, o número de produtores de leite no estado já havia caído de 84 mil para 40, o que representa uma queda de 52,28% entre os anos de 2015 e 2021. Custos altos, baixa rentabilidade, dificuldade para sucessão familiar e migração para outras atividades mais rentáveis são os principais motivos.
