Grãos: produção histórica de milho e safra de soja abaixo do esperado

por | dez 23, 2023 | Editoria Especial, Editoria Especial Destaque | 0 Comentários

Com uma produção histórica, o milho apresentou um cenário favorável nesta safra, alcançando aproximadamente 130 milhões de toneladas. As exportações também atingiram um marco recorde, totalizando 53,6 milhões de toneladas no período de janeiro até o momento.

Para o analista de mercado Vlamir Brandalizze, as exportações devem encerrar o ano ultrapassando a marca de 55 milhões de toneladas, estabelecendo assim um recorde histórico e a forte presença internacional do país. “Vamos superar os americanos em 12 ou 13 milhões de toneladas a mais este ano. Temos grandes clientes, como a China, maior comprador de milho brasileiro e o maior importador mundial”, afirmou.

Além disso, a produção de milho está projetada em 82 milhões de toneladas para atender à demanda interna e externa, proporcionando benefícios significativos ao setor de ração, que está experimentando um forte crescimento.

Nova safra de milho apresenta chances de redução 

 

Em relação à nova safra, o cenário é diferente do atual recorde histórico, havendo, em vez disso, chances de uma redução, especialmente na segunda safra. “A primeira safra teve uma redução de área, pois o Sul do Brasil, parte de São Paulo, Minas Gerais dominam esta etapa, sendo em menor medida nos demais estados. Portanto, na primeira safra, observamos uma queda de meio milhão de hectares de área plantada. Com as condições climáticas melhorando no Sul, a safra deverá ficar semelhante, provavelmente próxima de 25 milhões de toneladas”, explicou Brandalizze.

Porém, existe uma grande dúvida para safrinha ou segunda safra. Alguns produtores plantaram a soja de forma tardia, enfrentando desafios para semear o milho na janela ideal, o que depende de períodos de chuvas mais extensos. “O que acreditamos é que essa nova safrinha registre uma redução de 10 milhões de toneladas, resultando em uma colheita total de mais de 130 milhões de toneladas”.

Com isso, a expectativa é que a próxima safra fique abaixo de 120 milhões, indicando uma redução na disponibilidade de milho para exportação em 2024. “A demanda interna continuará crescendo, o que resultará em uma redução na exportação. No entanto, em relação a cotações, acreditamos que será melhor para o produtor, entre 10 e 15 por cento melhor do que em 2023. Em resumo, teremos uma safra um pouco menor, uma demanda crescente interna e volumes reduzidos para exportação”, informou o analista de mercado.

Soja: Cenário irregular marcou 2023

 

Ao contrário do milho, a soja não enfrentou um cenário tão favorável. Assim como as condições climáticas nos primeiros meses de desenvolvimento da cultura, o cenário foi irregular.

De acordo com Enio Fernandes, analista de Safras e Mercados, este ano, observamos frequentes episódios de chuvas isoladas, caracterizados por precipitações em uma região enquanto áreas vizinhas permaneciam sem chuva. Essa irregularidade teve alguns impactos na produção de soja.

“Os principais impactos foram a redução no potencial produtivo em um ano de margens mais estreitas para o produtor e o aumento contínuo de casos de replantio, resultando em custos mais elevados por hectare”, disse Enio.

Além disso, a produtividade está abaixo do esperado. A expectativa era entre 65 e 70 sacas por hectare, porém, nas áreas em questão, está aproximadamente em 40 sacas por hectare.

Quanto ao atraso na plantação de soja, isso resultou em uma proporção maior de plantio de milho fora da janela ideal. “Temos regiões que normalmente realizam o plantio em novembro, mas estão plantando em dezembro. Como a soja é influenciada pelo fotoperiodismo, o potencial dessa planta diminui devido à menor quantidade de horas de luz que a planta ficará exposta ao plantar tarde”, explicou Enio Fernandes.

Recorde nas exportações de Soja e previsão de quebra na colheita da safra 

Assim como o milho, as exportações de soja atingiram um recorde, totalizando cerca de 98 milhões de toneladas até novembro. Esse valor representa quase 20 milhões a mais do que o total exportado durante todo o ano de 2022, quando foram enviadas 78,7 milhões de toneladas de janeiro a dezembro.

“Este ano, teremos um recorde absoluto nas exportações de grãos, consolidando o Brasil como o principal fornecedor mundial de soja ano após ano, atendendo tanto às demandas internas quanto externas. Isso garante o abastecimento contínuo de farelo e óleo, mesmo diante da quebra na produção observada na Argentina”, enfatizou Fernandes.

Em relação à colheita de soja em 2024, a expectativa aponta para um volume próximo ao registrado na safra 2022/2023, indicando uma quebra de safra de aproximadamente 10 milhões de toneladas.

Quanto à produção de grãos, ela será satisfatória devido ao aumento significativo de área cultivada nos últimos anos. No entanto, não é previsto um novo recorde nesta temporada devido às adversidades climáticas enfrentadas.

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