Os preços do café atingiram recordes históricos na Bolsa de Nova York, marcando o maior valor dos últimos 50 anos. Segundo Gil Barabach, analista da consultoria Safras & Mercado, esse cenário é resultado de uma conjunção de fatores globais, incluindo a quebra de safra no Brasil e em outros países produtores, dificuldades logísticas e a forte demanda mundial. “Tem menos café no mundo. Em 2024, houve exportações recordes do Brasil, um reposicionamento da indústria mundial e a perspectiva de quebra de safra de arábica no Brasil para 2025”, explica Barabach.
Impacto da quebra de safra global
A quebra na produção do Vietnã e da Indonésia também contribuiu para a escalada dos preços. “No Vietnã, a falta de chuvas no período de florada reduziu a carga produtiva. A isso se somou um problema logístico no Mar Vermelho, que impactou a comercialização global do café robusta e levou o comprador mundial a olhar mais para o nosso conilon”, afirma o analista. Isso impulsionou as exportações brasileiras e elevou os preços internos.
Café: recorde nos preços em NY e novas probabilidades no mercado
Expectativas para 2025
A projeção para a safra brasileira de 2025 ainda não é definitiva, mas a tendência é de queda na produção de arábica. “Nosso sinal é de quebra significativa no arábica, compensada parcialmente pelo aumento na produção de conilon. Nossa estimativa está em torno de 62 milhões de sacas“, diz Barabach. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por sua vez, divulgou uma previsão mais conservadora, de 51 milhões de sacas.
Comercialização e estratégia do produtor
Diante desse cenário, muitos produtores estão segurando a venda de seus estoques, apostando em novas valorizações. Segundo GIl, o produtor está mais capitalizado, pois viu os preços dispararem. “Ele precisa vender menos sacas para fazer caixa e, como ainda há incerteza sobre o tamanho da quebra de safra, prefere esperar esse é o cenário”, analisa Barabach. Por sua vez, precisamos lembrar que esse comportamento ajuda a sustentar os preços elevados.
O analista recomenda que os produtores adotem estratégias de venda cautelosas e acompanhem a evolução da safra antes de definir suas práticas comerciais. “Dosar as vendas e monitorar o desenvolvimento da lavoura são as melhores estratégias”, sugere.]
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O futuro da oferta e demanda
Apesar da menor oferta esperada para 2025, não há risco iminente de desabastecimento. “Teremos um período de aperto até a chegada da nova safra, mas o mercado continuará suprido. O desafio será equilibrar a oferta diante da demanda aquecida”, conclui Barabach. O mercado de café segue volátil, impulsionado por fatores climáticos, logísticos e comerciais. Resta saber até onde os preços podem chegar e como os produtores vão se posicionar para aproveitar essa alta histórica.
