MG domina produção de morangos no Brasil e 90% sai do Sul de Minas
Há alguns anos, o Sul de Minas dominou o cenário da produção de morangos no estado. Atualmente, Minas Gerais é o maior produtor brasileiro de morangos, com cerca de nove mil produtores envolvidos no cenário comercial. Mais de três milhões desses morangos, ou 90%, vêm da região Sul de Minas. As cidades que lideram essa produção são: Pouso Alegre, Espírito Santo do Dourado, Estiva e Senador Amaral. A agricultura familiar tem contribuído muito para esse crescimento, sendo responsável por 92% dessa produção.
A grande novidade entre essas propriedades tem sido o investimento em novas variedades, como a BRS Fênix, que deve ser lançada em setembro pela Embrapa. Essa busca por variedades mais produtivas e de qualidade diferenciada já vem ocorrendo há alguns anos.
Essa busca também está relacionada à necessidade de variedades resistentes às flutuações climáticas que afetaram muitas produções nos últimos anos. Um exemplo disso é a safra de inverno deste ano, que é menor em comparação com o ano passado. A safra tem sido afetada pela baixa maturação dos frutos devido ao excesso de frio e às adversidades climáticas, resultando em uma oferta reduzida de morangos no mercado varejista.
Existe a expectativa de que o cenário, no entanto, melhore com a chegada da primavera, quando as horas de sol e as temperaturas aumentam.
Variedade BRS Fênix
Há alguns anos, destaca-se a variedade nacional PRA Estiva, desenvolvida na própria região. A variedade em questão adaptou-se às temperaturas baixas do Sul de Minas e apresentou um custo menor em relação às importadas. Essa variedade também demonstrou qualidade extremamente relevante para o mercado atendido pela região, entregando frutos mais doces.
A variedade BRS Fênix será oficialmente lançada pela Embrapa na Expointer, no Rio Grande do Sul. O pesquisador responsável por todo o trabalho e criador dessa variedade, Sandro Bonow, explica os resultados obtidos com a variedade testada no Rio Grande do Sul e no interior de São Paulo.
“Trata-se de uma cultivar com excelente produtividade e sabor muito agradável. Dependendo da região, ela apresenta diferentes vantagens. No RS, ela é muito precoce, o que permite que os produtores obtenham mudas em março e colham em junho. Ela demonstrou boa produtividade, resiliência e resistência das plantas, além de ter um bom desenvolvimento.”
Segundo o pesquisador, a expectativa é que a variedade se adapte bem a outras regiões produtoras, como Minas Gerais. “Ela deve se adaptar bem ao Sul de Minas. Quando pensamos em produtividade, no Rio Grande do Sul elas têm produzido mais em comparação com as cultivares importadas, mas isso varia muito de uma região para outra, pois também envolve o nível tecnológico de cada produtor.”
Em relação ao sabor, a variedade apresentou um bom equilíbrio entre açúcar e acidez. Ainda segundo Bonow, esse lançamento para a Embrapa representa a reintrodução de novas cultivares nacionais no mercado.
“A BRS Fênix marca a retomada do nosso programa de melhoramento e a disponibilização de cultivares nacionais, para o nosso setor produtivo, que hoje é muito dependente de cultivares importadas.” Para os produtores, a variedade oferece mais autonomia. “Buscamos uma dependência menor das cultivares importadas. A nossa representatividade ainda é pequena em comparação com a internacional. Mas essa é a primeira de um portfólio de cultivares com as quais a Embrapa está trabalhando em busca de autonomia.”
A nova cultivar possui um ciclo de produção diferente e deve ampliar a janela de colheita, proporcionando frutos de qualidade em até sete meses. Essa novidade representa um rendimento melhor para os produtores.
