As oportunidades que surgem para a cafeicultura brasileira com a Agenda Verde

por | jan 8, 2024 | Editoria Especial, Editoria Especial Destaque | 0 Comentários

A lei antidesmatamento da União Europeia praticamente remodelou as exportações no mercado global de café em 2023. Apesar de ter levantado muitas preocupações para os cafeicultores do Brasil, a aprovação da nova legislação em junho do ano passado também permitiu o surgimento de novas oportunidades.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil – Cecafé, tem acompanhado todo contexto de implementação dessa lei. E para o conselho, apesar do desafio, existe uma grande oportunidade em agregar mais valor ao trabalho do cafeicultor brasileiro.

O Cecafé lançou ao fim do ano passado, uma plataforma de Rastreabilidade dos Cafés do Brasil – a ferramenta garante aos exportadores cafeeiros a comercialização do produto com origem que respeite as normas socioambientais exigidas para exportação, sobretudo para União Europeia.

Foto: Cecafé/Divulgação

Foto: Cecafé/Divulgação

Marcos Matos, Diretor-geral do Cecafé, ressalta que a plataforma permite mostrar toda a sustentabilidade, organização e eficiência da cafeicultura brasileira. Segundo ele, a grande oportunidade é que a situação permite uma agenda positiva para o setor. “Estamos nessa agenda, para que nosso importador reconheça que há custos e os produtores envolvidos merecem uma remuneração especial por atender as leis e zerar os riscos de multas”, destaca.

O ponto de valorização para o produtor defendido pelo Cecafé, é amplo visando títulos verdes e reconhecimento para a cafeicultura brasileira.  A plataforma de rastreabilidade em um monitoramento continuo, colabora para essa agenda ampla, permitindo análise de dados que mostrem o crescimento das áreas de preservação.

“Toda essa eficiência é a chance que temos de negociar com o importador, e ter em contra partida reconhecimento e recompensa para tudo isso que está sendo providenciado com muita competência”, reafirma Matos.

Do Brasil para o mundo!

O Cecafé também tem acompanhado a discussão sobre leis antidesmatamento para importações de commodities agrícolas em outros países. Dentre eles, Estados Unidos, Reino Unido, Suiça e Alemanha, que possui uma legislação rígida sobre o tema, já em vigor a partir deste mês.

 

 

No entanto, apesar de desafiador o cenário das exportações de café do Brasil, segue com saldo positivo. Um levantamento recente do Cecafé, apontou que 40% do café global é de origem brasileira, dado que sinaliza uma ligeira recuperação, já que as duas últimas safras foram complicadas para o país.

No mês de novembro o Brasil exportou 4,3 milhões de sacas, o que representa um crescimento de 15%. E nesse contexto, o café Conilon esteve em destaque com um avanço de 677%. O grande destaque está no aumento das exportações asiáticas, que cresceram 40% em 2023, puxada pelo Japão e China, que respectivamente exportaram 2,1 milhões e 1,15 milhão de sacas. Enquanto isso, as exportações para a Europa registraram queda de 14%. As exportações de café destinadas a países da União europeia somaram 42%.

“As exportações acontecem de acordo com a disponibilidade de safra, passamos por duas safras baixas depois da nossa safra recorde de 2020. E esperamos uma safra 24 muito adequada no mesmo sentido, obviamente a depender do clima. É a partir da próxima safra, que esses temas da lei antidesmatamento serão primordiais e nossos clientes já começam a movimentar no sentido de exigir a geolocalização”, explica Marcos Matos.

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