O cultivo de variedades clonais de cafés Robustas Amazônicos tem revolucionado a cafeicultura na Amazônia, especialmente entre agricultores familiares. Com a adoção de clones altamente produtivos e tecnologias recomendadas pela Embrapa, produtores do Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima conseguiram quadruplicar a produtividade, saindo de uma média de 20-30 sacas por hectare para até 120 sacas. Esse avanço tem gerado mais renda e qualidade de vida para as famílias rurais da região.
Os cafés Robustas Amazônicos já são cultivados há décadas, mas nos últimos anos ganharam maior visibilidade e passaram a ser a escolha preferida dos cafeicultores. A transição de lavouras seminais, que apresentam alta variabilidade genética e produtividade limitada, para lavouras clonais, permitiu padronização, maior qualidade e melhor planejamento da colheita. “Os cafés clonais, além de altamente produtivos, proporcionam maturação uniforme e melhor qualidade dos grãos, fatores essenciais para tornar a cafeicultura uma atividade mais competitiva e rentável”, explica Aureny Lunz, pesquisadora da Embrapa Acre.
O pesquisador Enrique Alves, da Embrapa Rondônia, destaca que a cafeicultura na Amazônia evoluiu de um modelo quase extrativista para uma produção tecnológica e sustentável. Enquanto, no passado, a produtividade raramente superava 10 sacas por hectare, hoje, estados como Acre e Rondônia já registram médias de 45 a 52 sacas. Em propriedades familiares bem manejadas, a produção pode alcançar 120 a 150 sacas, chegando, em alguns casos, a 200 sacas por hectare.
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O agricultor Wanderlei de Lara, de Acrelândia (AC), começou a cultivar clones de Robustas Amazônicos em 2016 e viu sua produtividade saltar de 20 para 120 sacas por hectare. Com um preço médio entre R$ 1.200 e R$ 1.300 por saca, o retorno econômico permitiu modernizar sua propriedade e agregar valor ao café. “Hoje, vendemos nosso café torrado e moído, pronto para o consumidor final. Minha família tem melhores condições de trabalho e uma vida mais confortável graças à cafeicultura clonal”, afirma Lara, que também investe na produção de café fermentado, vendido pelo dobro do preço do café comum.

Foto: Bruno Oliveira
Outro exemplo de sucesso é o Sítio Rio Limão, em Cacoal (RO), onde a família Bento mantém produtividade de 100 sacas por hectare e se tornou referência na produção de cafés especiais. A qualidade dos grãos, garantida por práticas como colheita no tempo certo, fermentação controlada e armazenamento adequado, rendeu premiações em concursos nacionais. Além da venda do café, a propriedade passou a receber turistas de diversas partes do mundo, impulsionando o turismo rural sustentável na região.
A cafeicultura de Robustas Amazônicos tem se mostrado um motor de transformação para pequenos produtores da Amazônia, garantindo não apenas maior produtividade, mas também novas oportunidades de comercialização e desenvolvimento econômico para as famílias rurais.
