A enxada já não é, há muito tempo, o principal instrumento do produtor rural. Plantar e colher são ações que não ocorrem da mesma forma há anos. Em tempos de tecnologias precisas e avanços únicos, como a inteligência artificial, a agricultura do futuro já é uma realidade.
Encontrar um caminho que conecte mais produtividade com a sustentabilidade exigida e aclamada atualmente é um dos maiores desafios. A chamada agricultura de precisão surge com esse propósito, buscando melhorar a eficiência produtiva e promover a redução de insumos químicos. “Aumentar a sustentabilidade ambiental e reduzir custos de produção, é sobre isso a agricultura de precisão. Ela pode contribuir para a redução do impacto ambiental e o aumento da rentabilidade das atividades agrícolas”, explica Pedro Hargreaves Passagli, Gerente de Soluções Integradas da Minas Verde.
Pensando nessa agricultura de precisão, muitas inovações já estão ao alcance do produtor. Neste contexto, destaque para o uso de tecnologias como GPS, drones, sensores, além de softwares de gestão agrícola para as mais diversas culturas. De acordo com Passagli, esse é um grande desafio, já que para cada cultura essas tecnologias demandam adaptações diferentes. “Estamos falando de períodos de colheita, preparo e plantio diferentes, bem como a composição do solo e o formato de cada planta”, explica.
No momento de colheita, destacamos a coleta de dados em tempo real, que traz análises ao produtor através do uso de sistemas de informação geográfica, otimizando o uso de insumos em campo.
Com perspectivas de mais avanços, o setor de grãos tem o benefício de ter sido pioneiro na construção e evolução de muitas tecnologias. Isso explica o crescente protagonismo do Brasil na produtividade de grãos, com destaque para o milho e a soja. A expectativa é que essas tecnologias sirvam para o produtor brasileiro alcançar ainda mais níveis de produção.
Agricultura de precisão surge com propósito de buscar melhorar a eficiência produtiva e promover a redução de insumos químicos
Mas é para todos?
Talvez a grande pergunta que o Brasil deva fazer atualmente seja como essas tecnologias chegarão do grande ao pequeno produtor. Já que, pensando em termos de produtividade, a cadeia do país é ampla, com produtores de pequeno, médio e grande porte. Passagli destaca acreditar que a agricultura de precisão vai ditar os rumos do setor nos próximos anos, no entanto, com o grande desafio de conseguir alcançar todos os campos produtivos. “Ela pode ser uma ferramenta importante para melhorar a eficiência e a sustentabilidade da agricultura, mas a decisão de adotá-la deve considerar as condições e necessidades específicas de cada produtor e região, uma vez que demanda custos e adaptabilidade operacional para ser executada”.
Conexão falha
Outro grande desafio da agricultura brasileira para se integrar às mais diversas tecnologias em campo é a dificuldade de conexão. Atualmente, apenas 30% das propriedades rurais estão conectadas via satélite, rádio, 3G ou 4G, segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Inovação, Cooperativismo e Irrigação do Ministério da Agricultura. Recentemente, o governo lançou algumas iniciativas para expandir a conectividade em até 48% da área produtiva, alcançando assim 24 milhões de pessoas. Essa iniciativa se trata do Programa Rural + Conectado, que mira 2.300 localidades rurais espalhadas pelo Nordeste e alguns pontos da Região Norte. Além disso, o governo também tem trabalhado no programa Torres Rurais, com foco em propriedades grandes e médias, que tem a previsão de instalação de 125 novas torres e a revitalização de outras 550. O projeto também visa fazer um upgrade para a tecnologia 4G em 3.200 torres espalhadas pelo país.
“Essa dificuldade pode atrapalhar o processo de agricultura de precisão, pois muitas das tecnologias utilizadas dependem de acesso à internet ou a redes de comunicação para transmitir e receber os dados”, ressalta Passagli.
A falta de infraestrutura de comunicação em áreas rurais pode limitar a eficácia da agricultura de precisão, mas soluções como o uso de redes de comunicação via satélite ou a criação de novas redes de sinais podem ser alternativas para viabilizar a utilização.
E há ainda um dos principais pontos positivos a favor da agricultura de precisão, a sustentabilidade.
A modalidade pode ajudar o setor de diversas maneiras, como:
-Gestão de recursos mais eficientes
-Redução de desperdícios
-Redução de insumos químicos
-Redução de poluição ambiental, como emissão de gás carbônico
-Aplicação de práticas ESG
-Monitoramento de conservação do solo e da biodiversidade
