Nesta semana, a Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) destacou o fenômeno El Niño. Com seu maior valor de 1,8º de anomalia acima da média, o fenômeno ganhou destaque. No entanto, ainda não é considerado um super El Niño, como explica o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio. “Essa temperatura precisa estar acima de 2º graus de anomalia na região central. Desde o início desse aquecimento do Pacífico, nove meses atrás, ele está sempre mais quente do que a região central, o que é incomum em anos de El Niño, pois, no fenômeno clássico, a região central, onde se caracteriza o El Niño, sempre está mais quente do que as extremidades”, ressalta.
De acordo com o levantamento da Rural Clima, as águas do oceano já chegaram a temperaturas entre três e cinco graus acima da média, mas não escoaram até a faixa central. Essa situação é considerada atípica para o fenômeno El Niño. “Isso mostra que a atmosfera não está respondendo muito bem ao fator desse El Niño, porque as condições oceânicas ainda estão anômalas em relação ao fenômeno clássico”.
Outro ponto que denuncia uma situação anormal é o excesso de chuvas na região Sul e as irregularidades na região Central. As previsões indicam poucas chuvas nesta semana para a região Centro-Norte do Brasil. Enquanto no Sul, as chuvas devem se concentrar mais com a chegada de uma frente fria que deve avançar até o final da semana. Essa frente fria deve levar chuvas torrenciais, prejudicando o plantio da soja e atrasando a colheita do trigo. Já as regiões centrais devem continuar marcadas por temperaturas acima dos 40ºC e poucas chuvas.
O agrometeorologista ainda ressalta a expectativa de que as chuvas se normalizem na última semana de novembro. “Para cana-de-açúcar, café e hortaliças, as condições são um pouco melhores, por serem culturas perenes. O fato é que as condições estão gradativamente se degradando, a janela para a soja está se estreitando em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Na região central, os plantios começam a trazer uma redução no potencial produtivo devido a esses desafios climáticos, que exercem forte pressão na possibilidade de pragas e doenças. Isso traz uma certa angústia e uma premissa de que a safra tem tudo para não ser gigantesca, como estávamos prevendo”.
Vale ressaltar que muitos produtores começam a repensar o plantio do milho na segunda safra. Muitos produtores têm considerado o plantio de algodão. Outro ponto importante nesse cenário é que as próximas semanas de alta temperatura também devem ocasionar alguns impactos na cana-de-açúcar e no café.
Previsões de temperatura — Foto: Organização Meteorológica Globa
