Produtores investem na citricultura de montanha em MG

por | nov 24, 2023 | Agropecuária Destaques, Tecnologia, Tecnologia Destaque | 0 Comentários

Foto: Antônio Carlos Simonetti/Simonetti Citrus

Um novo movimento está acontecendo na citricultura brasileira. Em Minas Gerais, segundo maior estado produtor de frutas cítricas do Brasil, o crescimento de produção tem chamado atenção entre as montanhas. A citricultura de montanha é a nova aposta da Epamig – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, que tem acompanhado o desenvolvimento de muitas lavouras em regiões montanhosas do estado.

Dentre os polos citrícolas de MG, destaca-se aquele formado mais recentemente, na região montanhosa entre o Sul de Minas e o Campo das Vertentes, onde, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2012 e 2022, a área plantada de limão, laranja e tangerina cresceu de 26 hectares para aproximadamente 977 hectares.

A Epamig tem apostado em pesquisas para análises da qualidade dos frutos e suas aptidões para a indústria de bebidas, alcoólicas e não alcoólicas. O termo citricultura de montanha não está relacionado a uma nova prática ou novo manejo, mas a um conjunto de fatores que caracteriza a produção de citros em relevos montanhosos. “Nessa região, as variações de relevo e altitude e a grande amplitude térmica [diferença de temperatura entre o dia e a noite] podem influenciar no sabor e na qualidade das frutas. A tangerina Ponkan produzida lá, por exemplo, é muito apreciada por sua doçura”, comenta a pesquisadora da EPAMIG, Ester Ferreira.

Segundo ela, a região era tradicionalmente conhecida pela produção leiteira, mas o cenário mudou em meados dos anos 2010, quando grupos empresariais começaram a migrar de São Paulo para Minas Gerais, à procura de terras com temperaturas mais amenas e livres do Greening (a mais grave e destrutiva doença entre os citros), que já havia comprometido grande parte da citricultura paulista.

Fotos: Antônio Carlos Simonetti/Simonetti Citrus

“O relevo montanhoso do sul mineiro não foi um impeditivo para o avanço da citricultura, que se adaptou muito bem, especialmente a tangerina. Isso atraiu investimentos e gerou também um aumento de renda na região, pois a citricultura demanda mão de obra durante quase todo o ano e ocupa áreas produtivas que estavam antes ociosas”, explica Ester Ferreira.

Um dos parceiros desse projeto, e que tem contribuído com o envio de amostras de frutos para serem analisados, é o paulista Antônio Carlos Simonetti, produtor de citros no município de Minduri (MG). Sua família é originária de Limeira (SP), onde seu bisavô iniciou o cultivo de frutas cítricas na década de 1940. Com o avanço do Greening no estado, a família decidiu migrar para Minas Gerais, em busca de terras férteis e livres da doença.

 

 

 

“Nossa produção de tangerinas Ponkan, que era muito famosa pela qualidade, simplesmente acabou em Limeira por causa do Greening. Então, viemos para Minduri atrás de um clima mais ameno, com temperaturas mais baixas, onde houvesse também geadas ao longo do ano”, conta o produtor, que cultiva abacates, cinco variedades de tangerina e nove de laranja, em cerca de 2.000 hectares. Para ele, o maior desafio do manejo na citricultura de montanha é a manutenção de tratores, roçadeiras e demais máquinas, que ficam muito desgastadas por conta do relevo acidentado.

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