Os preços do café atingiram patamares históricos no início deste mês, impulsionados por uma combinação de fatores fundamentais e financeiros. Estoques baixos, impacto climático e forte especulação na bolsa de Nova York contribuíram para a valorização do grão, conforme explica Luiz Fernando dos Reis, Superintendente da Cooxupé.
Por que o preço do café atingiu recordes?
Historicamente, eventos climáticos adversos afetavam a produção, elevavam os preços temporariamente, mas eram corrigidos pela existência de estoques reguladores. Dessa vez, o cenário é diferente: os estoques estão em níveis muito baixos, resultado de anos de preços pouco atrativos para expansão da produção. O aumento do consumo, as dificuldades logísticas, a inflação e o alto custo financeiro também influenciaram essa realidade.
A conjuntura foi agravada pelo mercado de café operando em inversão, com o futuro valendo menos que o presente, o que levou comerciantes e indústrias a reduzirem estoques. A recente alta foi impulsionada ainda por compras especulativas de contratos futuros na bolsa de Nova York, reforçando os preços recordes.
As cotações vão continuar subindo?
Segundo Luiz Fernando dos Reis, a volatilidade deve continuar até que se passe o período de risco climático, como seca ou geada. “O clima vai ditar o rumo até o final de 2025”, afirma. Apesar dos recordes recentes, ajustes podem ocorrer, especialmente quando os investidores na bolsa decidirem liquidar suas posições.
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Saca a R$ 3.000,00 é possível?
Os preços já superaram os R$ 2.600,00 a R$ 2.700,00, um patamar que antes parecia inalcançável. No entanto, a previsibilidade do mercado segue baixa, e a decisão dos investidores, junto à entrada da nova safra e ao comportamento da demanda, serão fatores determinantes. “Outro ponto de atenção é que as altas expressivas têm travado as negociações, o que não é positivo para a comercialização do café”, afirma Luiz.
Como o produtor pode se preparar para a safra 2025?
Para aproveitar o momento favorável, Reis recomenda cautela, planejamento e investimentos dentro da capacidade produtiva de cada produtor. “Não se endividar e travar parte dos custos com os patamares atuais de preço é essencial”, alerta.
Impacto da safra 2025 no mercado
Problemas climáticos reduziram o potencial produtivo do Brasil para a safra 2025, e há grande incerteza sobre o volume que será colhido. Mesmo com alguma recuperação em concorrentes internacionais, o Brasil segue como principal regulador da oferta global. “Os números para a safra ainda apresentam grande divergência, mas o Brasil é quem ditará o ritmo do mercado”, conclui Reis.
