Pesquisadores combinam tecnologia para enfrentar seca

por | jun 15, 2023 | Agropecuária Destaques, Soja, Tecnologia, Tecnologia Destaque | 0 Comentários

A Embrapa está desenvolvendo um programa abrangente que visa enfrentar os impactos da seca na cultura da soja por meio de ações coordenadas de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologias. Chamado de Programa de Tecnologias para o Enfrentamento da Seca na Soja (Tess), esse programa será expandido através de parcerias para lidar com o problema crescente dos últimos anos.

Na safra 2021/2022, a seca afetou os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, resultando em uma redução de 403 milhões de sacas na produção de soja, estimada pela Embrapa Soja (PR). Esse cenário representou um prejuízo de aproximadamente US$ 14,9 bilhões, considerando o preço médio de US$ 36,79 por saca de 60 kg em maio de 2022. Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, afirma que o objetivo desses esforços coordenados é gerar soluções agronômicas impactantes para mitigar a seca na sojicultura brasileira e reduzir essas perdas.

De acordo com estimativas da Embrapa para a safra 2022/2023, a maior parte dos 43 milhões de hectares de soja produzidos no Brasil é cultivada em regime de sequeiro, com menos de 10% das áreas sendo irrigadas, totalizando cerca de 2 milhões de hectares. Nas áreas de produção, é comum a ocorrência de períodos com pouca chuva, altas temperaturas e intensa insolação. A seca é reconhecida como o principal fator prejudicial para a soja brasileira, entre todos os fatores ambientais, com um histórico de danos severos à produção nacional.

José Salvador Foloni, líder do programa Tess, explica que a iniciativa busca estabelecer redes de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e transferência de tecnologias (TT) para aumentar a introdução de inovações e intensificar a adoção de estratégias agronômicas que reduzam os impactos da seca nas lavouras. Entre as medidas mencionadas estão a melhoria dos modelos de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) e a identificação de cultivares e tecnologias agronômicas mitigadoras por meio da distinção de ambientes. Foloni também destaca a expansão do uso de sensoriamento remoto para monitorar lavouras comerciais, o fortalecimento das práticas de manejo conservacionista do solo por meio do sistema plantio direto (SPD) e o aumento do uso de corretivos e fertilizantes para melhorar o perfil do solo em camadas mais profundas, beneficiando o sistema radicular das culturas.

Além disso, os cientistas do programa Tess planejam aumentar os investimentos em edição genética, fenotipagem e melhoramento genético para acelerar o desenvolvimento de cultivares mais tolerantes à seca. Também serão promovidos avanços nas práticas fitotécnicas e no posicionamento agronômico de bioinsumos, visando tornar as lavouras mais resilientes à escassez de água.

Foloni destaca que o programa Tess adotará uma abordagem multidisciplinar, unindo diferentes áreas do conhecimento para alcançar avanços agronômicos significativos, de maneira coordenada, a fim de beneficiar os agricultores em diferentes regiões produtoras de soja no Brasil.

Para garantir a disseminação rápida e eficaz do conhecimento já disponível, o Tess inclui uma ampla programação de transferência de tecnologia e o estabelecimento de uma rede de parcerias da Embrapa em todo o país. Isso inclui a capacitação de profissionais de assistência técnica e agricultores por meio de dias de campo, cursos presenciais e educação a distância (EAD). Além disso, serão utilizados diversos canais de comunicação, como redes sociais e plataformas digitais, para uma ampla divulgação das informações sobre as estratégias de mitigação da seca.

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