O Brasil nos últimos anos tem experimentado um forte crescimento em sua produção de milho. A cada nova safra, o país continua a alcançar novos recordes. Nesta temporada, por exemplo, a projeção também aponta para um novo recorde, com 125,7 milhões de toneladas, somando-se as três safras do cereal ao longo do ciclo. Isso representa um aumento de 11,1% em relação ao volume produzido em 2021/22.
No entanto, neste ano, o que chama a atenção não é o volume, mas sim a desvalorização do cereal nos últimos meses. No Mato Grosso, um dos principais estados produtores, o mês de julho encerrou com valores abaixo do preço mínimo estabelecido pela Conab.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a desvalorização no estado chegou a 43%. A saca de 60 Kg foi cotada, em média, a R$ 33,23.
Essa queda nos preços do milho já se tornou um motivo de preocupação entre os produtores. A diminuição nos preços ao longo dos últimos meses está diretamente relacionada à oferta abundante da segunda safra. O Brasil espera produzir mais de 100 milhões de toneladas de milho. “Além disso, muitos produtores optaram por fazer hedge antecipado em menor quantidade, e ainda temos soja da safra 22/23 ocupando espaço nos armazéns e portos, o que tem pressionado fortemente os preços do milho”, explica o analista de mercado Ênio Fernandes.
Conforme o analista, os agentes econômicos reagem aos preços, o que praticamente garante a redução da área plantada com milho verão no Brasil. “Falar sobre a segunda safra de 2024 seria prematuro. Entretanto, estados como Rio Grande do Sul e Minas Gerais devem perder mais de 10% da área destinada ao milho verão, como resultado dos preços baixos”, destaca Ênio.
Apenas após o início do plantio da safra 23/24 será possível fazer uma estimativa mais precisa sobre a segunda safra de milho de 2024. No entanto, de acordo com as perspectivas atuais, Ênio ressalta que os primeiros indícios são desanimadores, com vendas de sementes e fertilizantes em queda.
Além da redução na área plantada, a substituição do milho por outras culturas também está sendo considerada como uma possibilidade por muitos produtores. Dependendo do preço do milho, muitos podem optar por culturas alternativas, como girassol, sorgo ou pastagem para integração lavoura pecuária.
Quanto às perspectivas de preços, o analista destaca que 77% da produção de milho do Brasil provém da segunda safra. Se houver uma redução, a queda nos preços pode se tornar ainda mais acentuada.
 
			  
 
									 
									 
									