Desde o início do ano, os pecuaristas de leite têm enfrentado uma grande crise no setor. As importações de lácteos em setembro alcançaram 156 milhões de litros. Essa situação tem fomentado grande parte dessa crise vivenciada pelo setor.
Na Fazenda da Pedra, no município de Cristina, o produtor Sergio Bustamante, pontuou o impacto dessas importações rotineiramente. Segundo ele, a forma como a questão vem sendo tratada no Brasil é desleal. ‘Houveram alguns meses em que o volume de leite que entrou no Brasil este ano, foi até dez vezes maior em comparação com os anos anteriores’.
“Se neste mês já estamos no vermelho, até fevereiro e março do ano que vem, muitas fazendas não vão resistir, principalmente a fazenda que não souber cortar custo vai quebrar”, destaca o produtor.
Ainda segundo o produtor, o cenário segue forçando o preço do leite para baixo. Um dos fatores que tem ligado o sinal de alerta é a qualidade do leite que tem sido entregue no Brasil. ‘Estamos falando de um leite sem qualidade, um leite em pó que é reidratado aqui e que não tem a mesma qualidade do nosso leite’.
“A gente permanece na atividade pela paixão, eu e minha esposa somos veterinários, trabalhamos com assistência técnica há muito tempo e somos apaixonados em lácteos”, ressalta o produtor.
No Brasil, as exigências em busca da melhor qualidade do leite são várias, no entanto, essas mesmas exigências não estariam sendo cobradas na mesma altura se tratando do leite importado. ‘Essa é a pior fase que estamos vivendo. Aqui na fazenda temos sempre uma margem positiva anualmente com o leite, este ano já temos certeza do prejuízo. A gente tem o custo de R$ 2,20 para produzir o leite e este mês a gente vendeu o leite abaixo disso. Já vamos entrar no vermelho este mês, uma época que normalmente temos o preço mais alto’, ressalta Sérgio.
A boa gestão tem sido um dos principais caminhos para auxiliar os pecuaristas de leite. Para Sérgio, encontrar os gargalos é essencial para entender como cortar custos, principalmente nesse momento. ‘Se você não souber onde estão os seus gargalos, você não sabe onde vai cortar custo. Acaba que vai cortar custo errado e sua produção cai. O leite é em escala, é preciso ter uma escala para diluir o custo de produção’, explica o produtor.
