O Brasil registrou um novo recorde na importação de lácteos em 2024, totalizando 2,35 bilhões de litros em equivalente leite (Eql), um aumento de 4,4% em relação a 2023. Apesar da alta acumulada no ano, as compras externas caíram 4,3% em dezembro, reflexo do aumento da oferta interna e do encarecimento dos lácteos no mercado internacional.
Por outro lado, as exportações também surpreenderam, crescendo 24,5% no acumulado do ano e alcançando 98,74 milhões de litros Eql, de acordo com dados da Secex analisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Preço do leite ao produtor segue em queda
O preço do leite captado em dezembro de 2024 fechou a R$ 2,5805/litro na média nacional, registrando uma queda de 2,7% em relação ao mês anterior. Ainda assim, o valor permaneceu 21% acima do verificado em dezembro de 2023, considerando a correção pelo IPCA.
O movimento de desvalorização do leite cru tem sido observado desde outubro, impulsionado pelo avanço da safra e pelo consequente aumento sazonal da oferta no campo. Contudo, o crescimento da produção não foi homogêneo entre as principais bacias leiteiras do país. O Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea apontou crescimento na industrialização em Minas Gerais, São Paulo e Bahia, enquanto o volume captado caiu no Sul e em Goiás, resultando em um recuo de 1,4% na “Média Brasil” de novembro para dezembro. No acumulado do ano, a alta na amostra foi de 18,3%, e a projeção do Cepea indica que a captação industrial deve fechar 2024 com crescimento de 2,5%, atingindo cerca de 25,2 bilhões de litros.
Alta nos custos e margens reduzidas provocam êxodo de pecuaristas
O aumento da produção foi favorecido pelo ganho de margem do produtor ao longo do ano. No entanto, uma escalada nos custos a partir do quarto trimestre, impulsionada pela alta nos gastos com nutrição animal e pela desvalorização do real frente ao dólar, merece atenção. Em dezembro, o Custo Operacional Efetivo (COE) teve alta de 0,21% na “Média Brasil” e, no acumulado do ano, subiu 2,88%. Esse aumento nos custos pode impactar a evolução dos preços neste início de 2025.
A maior oferta de leite também refletiu na formação de estoques de lácteos, pressionando os preços dos derivados. Em dezembro, houve recuo de 3,16% nos preços do leite UHT, de 1,06% no leite em pó fracionado e de 0,69% na muçarela, conforme levantamento do Cepea realizado em parceria com a OCB.
