Um novo estudo apresentado no II Fórum Nacional sobre Corretivos de Solo, realizado em março de 2025, em Piracicaba (SP), destaca a necessidade de correção profunda do solo (mínimo até 40 cm de profundidade), antes da entrada do sistema de plantio direto e faz uma atualização na fórmula de cálculo de doses de calcário para a agricultura brasileira, com foco nas culturas anuais. O objetivo é corrigir deficiências de algumas das metodologias atuais. E mais importante do que isso: discute doses de calcário acima das usuais para camada de 0 a 20 cm e propõe a correção profunda (0 a 40 cm), a fim promover condições para o desenvolvimento radicular de forma mais profunda no perfil de solo, que favoreça a redução dos estresses durante os veranicos, promovendo maior um desempenho das culturas.
A pesquisa é conduzida pelo Dr. Silvino Guimarães Moreira, professor associado do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Segundo ele, algumas das fórmulas de recomendação atualmente em uso não tem proporcionado os melhores resultados em campo. “Temos observado que algumas formulações recomendam uma dose abaixo do necessário, não fornecendo cálcio e magnésio em quantidades necessárias, o que limita o potencial produtivo. Esse é o principal motivo pelo qual estamos buscando uma nova formulação”, explica o pesquisador.
A nova proposta foi elaborada especificamente para culturas anuais, como milho e soja, e se baseia em um cálculo mais preciso das doses de calcário. Diferente da prática atual, que considera a aplicação apenas na camada de 0 a 20 cm, a nova abordagem recomenda a correção também entre 0 e 40 cm de profundidade. Isso promove a construção de um perfil de solo mais profundo, com maior disponibilidade de cálcio e melhor ambiente para o crescimento das raízes.
“As plantas desenvolvem raízes mais profundas, o que melhora a capacidade delas de captar água e nutrientes em camadas inferiores do solo. Isso é fundamental em períodos de estiagem, pois as raízes conseguem alcançar a umidade que permanece em profundidade, tornando as plantas mais resistentes ao estresse hídrico e garantindo melhor produtividade no campo”, explica Silvino.
Apesar de ainda não haver estudos conclusivos com a cultura do café, o pesquisador acredita que os benefícios observados em áreas para implantação de plantio direto tendem a se repetir na cafeicultura. “Acreditamos que, no caso do café, o efeito será semelhante, embora ainda não tenhamos concluído os estudos específicos para essa cultura”, pontua.
Com base nesses aspectos, os dados reforçam que a dose adequada de calcário pensando-se no perfil do solo é decisiva para alcançar altas produtividades e preparar as lavouras para os desafios climáticos.
“Para termos plantas mais resistentes aos veranicos, precisamos trabalhar com doses um pouco mais elevadas de calcário, aplicadas em profundidade. Assim, neutralizamos o alumínio tóxico, aumentamos o teor de cálcio e ajustamos o pH em camadas mais profundas, o que favorece o crescimento das raízes e a absorção de umidade durante a estiagem”, conclui Silvino.
Essas mudanças na recomendação de calagem, no entanto, não se limitam apenas ao cálculo da dose e à profundidade de aplicação. Para que os resultados no campo sejam efetivos, é igualmente essencial considerar a qualidade do corretivo utilizado. A eficiência da calagem depende de fatores como granulometria, reatividade e pureza do calcário, que impactam diretamente a disponibilidade dos nutrientes no solo. Nesse contexto, empresas como a Solo Fértil têm se destacado por oferecer produtos com maior desempenho agronômico, contribuindo para uma correção mais eficiente e duradoura do solo.
Entenda como calcular a dose de calagem
Segundo o estudo, a sugestão para cálculo da NC (necessidade de calagem) é para a camada de 0 a 20 cm. A quantidade para a camada de 20 a 40 cm pode ser calculada de acordo com as características químicas do solo nessa profundidade. Assim, para a camada de 0 a 40 cm, bastaria somar as quantidades obtidas nas camadas de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm.
NC (t/ha)=((Ca ideal-Ca solo ) x 5600)/((%CaO do corretivo x % PRNT))
–NC = Necessidade de calagem;
- Sendo: Ca ideal = teor de Ca em cmolcdm3 para se atingir 60% da CTC com Ca; Ca solo = teor de Ca da análise em cmolc dm3 na camada de 0 a 20 cm
Na escolha do corretivo, deve-se sempre considerar sua percentagem de óxido de magnésio, de modo a manter cerca de 20% da CTC potencial com Mg.
§ Para cálculo da NC (0 a 40 cm): fazer o cálculo para as camadas de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, somando as quantidades.
