Os mais de R$500 milhões em prejuízos causados pelas queimadas em canaviais no interior de São Paulo chamaram a atenção para uma problemática ainda maior.

Mais de 80 mil hectares foram atingidos pelas queimadas no interior de São Paulo
Apesar de representar uma grande perda para a principal região do setor sucroenergético do país, as queimadas não são o único fator responsável pela baixa produtividade da cana-de-açúcar nesta safra. O impacto na produtividade também é fruto da estiagem que atinge as principais áreas de produção do Brasil.
Assim como outras culturas, a cana-de-açúcar tem sentido fortemente a ausência de chuvas há mais de 100 dias. No estado de São Paulo, maior produtor do país, esse cenário foi agravado pelas queimadas nas últimas semanas.
“Claro, o impacto é significativo e relevante, mas não é o fogo em si que tem gerado uma redução na capacidade produtiva do Brasil, e sim uma redução na nossa produtividade média, ocasionada por esse período prolongado de seca. Não é uma seca total, completa, mas são temperaturas mais altas por um longo espaço de tempo e também chuvas abaixo da média normal”, explica o Diretor da Pátria Agronegócio, Cristiano Palavro.
Os últimos levantamentos realizados pela Conab já apontam a expectativa de uma redução nesta safra de 3,3%, mesmo com o aumento de 3,5% na área total do país. Outras perdas também são esperadas, já que a cultura permanece mais tempo no campo.
E como fica o mercado?
De modo geral, o setor sucroenergético do Brasil segue com margens atrativas em comparação com outros setores. “Essa menor produção está incentivando um mercado mais atrativo para o produtor rural. O setor de cana está muito atrativo, especialmente porque concorre em área com outros setores como grãos, representados principalmente por soja e milho. E o setor de soja e milho está com margens muito apertadas neste ano de 2024, enquanto a cana está com margens muito favoráveis”, destaca Cristiano.
As queimadas endossaram um contexto já limitado, que tem gerado para o produtor brasileiro preços mais atrativos. Além da redução da oferta, a demanda no setor segue aquecida, com preços altos no mercado internacional.
O clima vai continuar impactando negativamente o setor?
As incertezas climáticas se tornaram grandes vilãs para o setor sucroenergético. As previsões de uma onda de calor projetada para setembro devem agravar ainda mais esse contexto já difícil.
“As chuvas mais consistentes só devem voltar ao radar a partir de outubro, provavelmente. Então, esse agravamento e a continuidade desse cenário de calor acima da média e chuvas abaixo da média devem gerar mais impactos em termos de perda de produtividade de cana e, por consequência, afetar o setor sucroenergético”, ressalta Cristiano.
Os riscos de que esse cenário climático agrave ainda mais a produção da cana brasileira são grandes. O mês de setembro, em especial, deve ser marcado por chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas, o que deve prejudicar ainda mais os cultivos.
