Desigualdade social desafia o Brasil para difundir tecnologias em campo

por | jan 11, 2024 | Editoria Especial, Editoria Especial Destaque | 0 Comentários

Da agricultura de precisão até insumos, tecnologias ainda são desafiadoras para o Brasil

Milhões de toneladas de alimentos todos os anos são produzidas pelo Brasil. Um país tropical com clima quente e úmido, que enfrenta as mais variadas condições climáticas, produz um número invejável de alimentos diariamente.

Você já se perguntou como chegamos até aqui? Afinal de contas, um clima tão intenso e variado, acaba por impactar na produtividade de muitas culturas. Por isso, produzir tanto e com tanta qualidade como o Brasil, demandou ao longo do tempo um investimento grande em ciência e tecnologia.

Encontrar um caminho que conecte mais produtividade com a sustentabilidade exigida e aclamada atualmente é um dos maiores desafios. A chamada agricultura de precisão ou até mesmo a agricultura digital, surge nesse contexto, com esse propósito, aumentar a eficiência produtiva e promover a redução de insumos químicos.

E talvez um desafio, além, é fazer com que o acesso a essas tecnologias se torne comum entre os produtores rurais. Já que os dados do Censo Agropecuário de 2018, apontam que 5,073 milhões de estabelecimentos rurais no Brasil, são pertencentes a agricultura familiar, correspondendo a 76,8% do total de propriedades rurais do país. O dado alarmante aponta uma grande disparidade sociocultural e ambiental.

“Por um lado, há a oportunidade de impactar positivamente a vida de milhões de pessoas, através da implementação de tecnologias que tornam o trabalho no campo menos árduo. No entanto, por outro lado, a disparidade nos níveis tecnológicos entre os grandes produtores e os pequenos e médios agricultores pode resultar em uma discrepância nos custos de produção. Essa disparidade pode afetar negativamente os pequenos e médios produtores, tornando a atividade economicamente inviável”, explica o professor do Instituto Tecnológico de Agropecuária de Pitangui (ITAP), Thiago Furtado de Oliveira, também Coordenador do curso de Tecnologia em Agropecuária de Precisão.

Para o professor, somente a adoção de políticas e estratégias inclusivas poderão colocar todos os produtores no mesmo patamar. As tecnologias disponíveis no mercado incluem desde drones para monitoramento, pulverização, maquinários de aplicação a taxa variada, colhedoras com monitor de produtividade e redes de sensores IoT, entre outras.

No entanto, o custo de aquisição dessas tecnologias muitas vezes torna sua adoção financeiramente inviável para o pequeno e médio produtor. E o refúgio dos pequenos produtores, tem sido usufruir dessas tecnologias terceirizando muitos trabalhos.

Mas e a mão de obra?

E se difundir muitas tecnologias é um desafio, mão de obra qualificada para operar muitas delas, também se tornou uma questão. A formação adequada é crucial para maximizar os benefícios das tecnologias agrícolas, permitindo uma implementação mais eficiente e eficaz no campo.

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, por meio do Instituto Tecnológico de Agropecuária de Pitangui (EPAMIG ITAP), ciente da falta de mão de obra qualificada para atender essa demanda do mercado, começou a oferecer em 2022 o 1º curso de graduação do país de Tecnologia em Agropecuária de Precisão. Um curso gratuito, com três anos de duração, que visa formar profissionais que dominam a conectividade.

O professor Furtado aponta que a capacitação é o primeiro passo para o Brasil conseguir fomentar as mais variadas tecnologias agrícolas em campo, inclusive a agricultura de precisão. “Só assim é possível entender o funcionamento e a importância da adoção de tecnologias no processo produtivo. Também é importante se manter atualizado em relação às novidades do mercado”.

Agro tecnológico, é agro sustentável?

E com certeza um dos pontos mais discutidos nos últimos tempos tem sido a sustentabilidade em torno da agricultura. Sem dúvidas a tecnologia proporciona respostas mais precisas sobre as condições ambientais, além otimizar o uso dos recursos. “Isso não apenas resulta em ganhos ambientais, evitando a aplicação inadequada de agroquímicos, como também promove a preservação do solo, proporcionando benefícios econômicos significativos” lembra o professor.

Ou seja, os avanços tecnológicos além de expandirem os níveis de produção, levam ao produtor a abordagem de produtividade e preservação ambiental em total conexão, fomentando uma agricultura mais eficiente.

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