Os preços mundiais do café, que subiram 38,8% em 2024, podem continuar aumentando em 2025, segundo alerta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A principal causa é a redução da oferta nas principais regiões produtoras do mundo, como Brasil, Vietnã e Indonésia, devido a problemas climáticos. Com isso, exportadores já demonstram preocupação com uma possível escassez do produto no mercado.
No Brasil, a indústria do café avalia que a recente isenção de alíquota para importação, válida desde 14 de março, não será suficiente para conter a alta dos preços. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), medidas como essa já foram adotadas anteriormente, como ocorreu em 2022, durante a pandemia, sem impacto significativo sobre os valores do produto.
 Duração da alta é incerta
Duração da alta é incerta
Para Heberson Vilas Boas, gerente da mesa de operações da Minasul, ainda não há como prever por quanto tempo a alta dos preços deve durar. “A princípio, ele só vai ceder quando começar a sobrar café, seja por aumento de produção ou por uma queda no consumo. Mas, por enquanto, não há sinais claros de redução na demanda.”
Ele explica que a expansão da produção global é um processo lento e que depende, principalmente, das condições climáticas. “Os países estão ampliando área, renovando lavouras, e, se o clima contribuir, quando a oferta for maior que o consumo, o mercado vai começar a ceder. Mas não conseguimos prever quando isso acontecerá.”
Oscilações recentes no mercado
Em março, o mercado passou por variações importantes. Segundo Heberson, no período do carnaval, os preços subiram devido à menor movimentação no Brasil. “O mercado subiu, fez uma máxima lá em cima, 420 centavos por libra. Depois da quarta-feira de carnaval, começou a cair, voltando para R$ 2.450.”
A pouca disponibilidade de café no mercado físico também tem influenciado a estabilidade recente dos preços. “A maioria dos produtores já não tem grandes volumes para vender. Então, é um mercado relativamente calmo.”
Impacto do clima e incertezas para a safra
As condições climáticas seguem como um fator decisivo para o rumo dos preços. O veranico ocorrido recentemente trouxe preocupações quanto ao impacto na produção brasileira. “Esse veranico a gente não esperava. Agora choveu e tem mais previsão de chuva, mas, com certeza, impactou. Uns falam 5%, outros 8%, mas só vamos descobrir o real impacto no início da safra.”
Veranico desafia a safra de café 2025/2026 e acende alerta no setor
Além disso, fatores como frentes frias, distribuição de chuvas na colheita e o desempenho da florada em outubro serão determinantes para o comportamento do mercado nos próximos meses. Heberson destaca que o Brasil, como maior produtor mundial, tende a pressionar os preços quando inicia a safra, mas isso não garante estabilidade. “O produtor está pouco vendido em relação à média histórica. Se houver maior oferta, o mercado pode ceder um pouco no início da safra, mas depois tende a subir novamente, como ocorreu no ano passado.”
Diante desse cenário, especialistas seguem acompanhando as variáveis climáticas e produtivas para entender até onde os preços do café podem ir em 2025.
 
			  
 
									 
									 
									