Alta do boi gordo e a técnica sustentável na bovinocultura no combate a queimadas

por | set 12, 2024

Cotações do boi gordo seguem em alta e uso de gado como estratégia contra incêndios ganha destaque no Brasil

Levantamentos recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que o preço do boi gordo segue em alta, sustentado pela oferta limitada de animais prontos para abate. Na primeira quinzena de setembro, o Indicador CEPEA/B3 apresentou um aumento de 3,1%, saltando de R$ 239,75 no final de agosto para R$ 247,20 no dia 10 de setembro. Mesmo com esse movimento de alta, muitos pecuaristas ainda relutam em comercializar seus animais, apostando em cotações ainda maiores nos próximos dias.

Além da alta no mercado de boi gordo, os preços da carne com osso no atacado também subiram, impulsionados pela demanda crescente. De acordo com colaboradores do Cepea, esse cenário é reflexo do aumento no consumo, somado à restrição na oferta de animais.

Outro fator relevante para o setor pecuário vem dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No segundo trimestre deste ano, o Brasil registrou um número recorde de abates, com destaque para fêmeas (vacas e novilhas), que representaram 45,7% do total, ou seja, 8,8 milhões de cabeças abatidas.

Bom bombeiro, como podem ajudar no combate a queimadas?

Paralelamente à questão da valorização do boi gordo, uma técnica inovadora ganha cada vez mais força no Brasil: o boi bombeiro. O uso de bovinos para prevenir queimadas, especialmente em biomas como o Pantanal, Cerrado e Amazônia, está sendo estudado como uma solução sustentável para a crise dos incêndios florestais. A técnica consiste em utilizar o gado para consumir a matéria seca acumulada em áreas de pastagem, que funciona como combustível para o fogo. Ao reduzir a quantidade de vegetação seca, diminui-se o risco de incêndios devastadores.

De acordo com pesquisadores da Embrapa Pantanal, o boi bombeiro pode ser uma estratégia eficaz e economicamente viável para controlar o avanço das queimadas. A técnica já é amplamente utilizada em países como Estados Unidos, Portugal e Espanha, onde o manejo rotacionado dos animais ajuda a evitar a propagação de incêndios em áreas de risco. No Pantanal, esse método exige um planejamento cuidadoso e monitoramento constante para garantir que os animais atuem nas áreas de maior concentração de matéria seca antes que a vegetação se torne inflamável.

Além disso, especialistas defendem a implementação de políticas públicas que incentivem o uso temporário de bovinos em áreas de conservação, replicando modelos europeus onde o Estado chega a alugar rebanhos para manter as áreas livres de matéria inflamável.

Com o aumento dos impactos das mudanças climáticas e a intensificação de secas severas em várias regiões do país, o boi bombeiro se mostra como uma solução viável para a prevenção de desastres ambientais. O uso do gado, aliado a um manejo eficiente, oferece um serviço ambiental importante, protegendo a biodiversidade e reduzindo os danos causados pelas queimadas, tanto em áreas rurais quanto de conservação.

Com isso, a pecuária não só mantém seu papel econômico central no Brasil, como também pode se consolidar como uma aliada na preservação do meio ambiente, ajudando a mitigar o impacto das queimadas em importantes biomas brasileiros.