As previsões climáticas para setembro apontam para um cenário desafiador para o setor agrícola brasileiro. Segundo a agrometeorologista Bruna Peron, da Rural Clima, o Brasil permanece em uma fase de Neutralidade Climática, sem a presença dos fenômenos El Niño ou La Niña. No entanto, há uma forte tendência de instalação do La Niña entre setembro e outubro, com chances acima de 70%, conforme o último relatório da NOAA. “Tudo indica que o fenômeno será de fraca intensidade”, explica Bruna.
Seca e altas temperaturas preocupam produtores
A primeira quinzena de setembro será marcada por tempo seco e sem chuvas em grande parte do Brasil, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. “Por conta do tempo seco, as temperaturas seguirão muito elevadas, criando condições propícias para novos focos de incêndio e queimadas em muitas regiões”, alerta Bruna.
Expectativas para a safra de verão nas principais regiões produtoras
Os produtores das regiões do Cerrado, Matopiba, Sudeste e Sul, que começam a se preparar para a safra de verão, enfrentam desafios climáticos distintos. Bruna Peron destaca que, com exceção do Sul, onde as primeiras chuvas significativas podem ocorrer ainda em setembro, as demais áreas terão um início de estação chuvosa irregular.
“As primeiras chuvas para o Cerrado e áreas do Sudeste só devem começar a ocorrer na última dezena de setembro ou primeira semana de outubro. No entanto, estas chuvas tendem a ser irregulares, não atingindo todas as propriedades por igual e com volumes bastante variáveis”, explica Bruna. A tendência é que a partir de meados de outubro, as chuvas se regularizem, especialmente no Cerrado, garantindo uma primavera com chuvas bem distribuídas e sem riscos de estiagens prolongadas.
Para os produtores do Matopiba, o plantio, que se inicia em meados de outubro, não deve sofrer atrasos, já que as chuvas não devem demorar a chegar nessas áreas. No Sul, a primavera promete chuvas constantes e bons volumes, sem maiores problemas. No entanto, é importante ficar atento aos meses de dezembro e janeiro, quando o pico do La Niña pode favorecer os corredores de umidade na porção norte do Brasil, resultando em dias consecutivos de tempo aberto na região Sul.
Temperaturas extremas dão lugar à normalidade
Bruna Peron também traz uma notícia relativamente positiva: “De modo geral, as temperaturas não serão tão extremas como no ano anterior.” Embora setembro e outubro ainda possam registrar temperaturas mais elevadas devido às chuvas irregulares, a partir do momento em que as precipitações se regularizarem, as temperaturas devem se manter dentro da normalidade em grande parte do Brasil.
Alerta para o tempo seco e risco de incêndios

Para finalizar, a agrometeorologista reforça a necessidade de atenção ao tempo muito seco que prevalecerá ao longo do mês de setembro. “As temperaturas continuarão elevadas, e teremos semanas muito quentes pela frente, principalmente na porção oeste do Brasil, e partes das regiões Sudeste e Sul. Essas condições favorecem a ocorrência de incêndios”, conclui Bruna Peron.
