Os preços do boi se mantiveram em alta ao longo desta semana. No mercado paulista, esse movimento é mais lento em comparação com outras praças. Nos demais estados, a alta tem ocorrido com mais frequência. Estados como Mato Grosso do Sul e Paraná, que historicamente possuem um diferencial de base, com preços mais baixos em comparação com São Paulo, estão agora apresentando o maior preço do boi gordo no Mato Grosso do Sul.

“Chegamos a ter boi sendo comercializado, nesta última semana de agosto, próximo a R$250,00. Em alguns momentos, até um pouco mais, em outros, um pouco menos, mas acima do indicador CEPEA São Paulo, em torno de R$10,00 a R$12,00 a mais”, explica o analista de mercado da Pátria Agronegócios, Ronaty Makuko.
O setor também fechou o mês de agosto com o CEPEA próximo a R$239, e segundo o analista, esse movimento deve ganhar força no início de setembro. “Acreditamos que o indicador continuará com esse movimento de alta, porém, em praças como o Mato Grosso do Sul, podemos ver correções, já que os preços estão muito descolados de outras regiões. As altas agora são mais perceptíveis, na nossa visão, no indicador CEPEA do que em outras praças, onde os preços já estão bastante elevados”, destaca Ronaty.
Além disso, um movimento de compra de boi maior em estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás deve ganhar força na segunda semana de setembro. Esses são animais em confinamento desde julho, que devem começar a ser vendidos.
“O produtor deve ficar atento. O boi na Bolsa para os contratos de outubro, novembro e dezembro está sendo negociado acima de R$250,00 na B3, o que se alinha com a média dos negócios CPR. Portanto, as oportunidades que a bolsa oferece hoje nos dão boas opções para travar preços para o boi que está no coxo, para o boi que vai entrar e sair em novembro”, completa Ronaty.
Mercado de reposição
No setor de reposição, o indicador CEPEA no Mato Grosso do Sul já trabalha há mais de três meses acima de dois mil reais para um bezerro de 202 quilos. Nos últimos indicadores, bezerros com até 212 quilos tiveram uma média de preço por arroba entre R$295 e R$300.

“Quando você olha para Minas Gerais, Goiás e Paraná, percebe-se esse movimento de valorização do preço do bezerro. Nos demais estados, como Rondônia, Mato Grosso, Pará, e Matopiba, ainda observamos uma diferença. No Acre, por exemplo, onde está o bezerro mais barato do Brasil hoje, a média fica em torno de R$1.700. Então, sim, estamos percebendo uma melhoria, mas essa valorização ainda não chegou aos estados do Norte do país. Isso deve acontecer nos próximos meses.”
A melhoria mais lenta nessas regiões é sinal de uma oferta maior, além da logística complicada e de difícil acesso.
Confinamento e custos
Neste momento, o boi magro, em algumas regiões, já começa a ficar mais caro para comprar do que o próprio pacote nutricional. “O custo da dieta nutricional para o boi que está no coxo não teve aumento desde meados de maio, o que nos dá um cenário positivo para o confinamento atual. O boi de setembro e outubro já está no coxo e sairá nos próximos dias. O boi de novembro está entrando agora ou entrou há dez dias. É preciso ter bastante atenção, pois o custo nutricional não subiu, mas o custo do boi magro para novembro e dezembro já está um pouco mais alto.”
Até o final de setembro, o custo nutricional dentro do confinamento ainda deve se manter estável. Porém, para o final do ano, acreditamos que o preço do milho pode subir. “O preço do milho tem mostrado sinais de recuperação, com o indicador Porto e o CEPEA apontando para um aumento de R$5,00 a R$6,00 em relação aos valores atuais, que estão próximos de R$60,00. Isso pode impactar o pacote nutricional no final do ano, especialmente para o boi de novembro e dezembro.” conclui Ronaty.
