Especialistas discordam sobre o fenômeno no Brasil
Nos últimos quatro anos, a agricultura brasileira tem sido duramente afetada por diversos fenômenos climáticos. Quando não é a geada, é a estiagem ou o excesso de chuvas, que têm reduzido a produtividade das mais diversas culturas de Norte a Sul do Brasil.
Recentemente, a grande expectativa gira em torno da possibilidade de o fenômeno La Niña se instalar novamente nas áreas brasileiras. Em sua última ocorrência no Brasil, boa parte da safra de grãos foi comprometida, com estiagem no Cerrado e excesso de chuvas no Sul.
O analista de mercado Matheus Pereira, da Pátria Agronegócios, explica que a discussão sobre o La Niña ocorre principalmente no Brasil. Segundo ele, os principais modelos de previsão climática não apontam para uma inclinação significativa em direção à ocorrência do fenômeno.
“Essa possibilidade só existe nos modelos públicos de baixa assertividade, que são amplamente utilizados no Brasil devido à falta de investimentos em modelagem climática de alta precisão”, afirma Matheus.
Ele destaca ainda que a fase atual é de neutralidade e que a maior probabilidade é que o Brasil enfrente, mais uma vez, o fenômeno El Niño. “No entanto, insistimos que estamos sob um período de neutralidade, e esse é o cenário mais provável para 2024-25. A atmosfera ainda se comporta como no El Niño, com um padrão de baixa umidade nas regiões Centro e Norte do Brasil, consequência da umidade do Pacífico Equatorial.”, explica.
Os oceanos, ainda mais quentes que o normal, provocam maior umidade, impulsionando chuvas oceânicas que não adentram o continente, o que é característico de uma ação de El Niño.
A situação, repercutida nas redes sociais, gera dúvidas entre os produtores. O analista afirma que, em um primeiro momento, há a certeza de um pequeno atraso nas chuvas devido a esse deslocamento atmosférico, que ainda apresenta baixa umidade nas regiões Centro e Norte. As chuvas devem se regularizar entre meados de novembro e dezembro.
