Veranico no café: altas temperaturas e escaldadura ameaçam lavouras

por | mar 7, 2025

Nos últimos meses, o clima tem sido um grande desafio para os cafeicultores brasileiros. O veranico, caracterizado por temperaturas elevadas e falta de chuvas, tem afetado diversas regiões produtoras, elevando preocupações sobre os impactos na safra 2025.

De acordo com o boletim da Fundação Procafé, os principais problemas observados nas lavouras são a escaldadura das folhas e a incidência da cercóspora, duas ameaças que exigem atenção dos produtores para evitar prejuízos significativos.

Cenário climático nas principais regiões produtoras

Dados meteorológicos indicam que, em janeiro, algumas áreas do Sul de Minas, como Varginha e Boa Esperança, registraram temperaturas acima da média, enquanto Carmo de Minas teve temperaturas mais baixas devido ao excesso de chuvas. A precipitação na região ficou próxima do esperado, garantindo armazenamento hídrico de 100%. No Triângulo Mineiro, por outro lado, as chuvas foram insuficientes, com um déficit de 60 mm em relação à média histórica.

Na Mogiana Paulista, o cenário se repetiu: temperaturas ligeiramente acima do normal e precipitação abaixo do esperado. No entanto, até janeiro, a disponibilidade hídrica ainda era satisfatória, com excedente de armazenamento.

Queda na disponibilidade hídrica e impacto nas lavouras

O problema se intensificou ao longo de fevereiro. Em Varginha, por exemplo, a disponibilidade hídrica caiu drasticamente de 151 para apenas 7, indicando um déficit severo. O mesmo foi observado na região de Franca, onde a reserva hídrica, que deveria estar em torno de 98, caiu para apenas 20 no final do mês. Caso as chuvas não retornem, os cafezais poderão enfrentar um estresse hídrico ainda maior nas próximas semanas.

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 Escaldadura: um problema crescente

A escaldadura das folhas tem sido um dos principais sintomas da falta de chuvas e das altas temperaturas. Segundo especialistas da Procafé, esse fenômeno, que normalmente ocorre em lavouras com carga alta, está sendo registrado até mesmo em plantas com carga baixa, indicando um impacto mais severo do clima adverso. O calor intenso e a ausência de precipitação criam um ambiente propício para a degradação das folhas, comprometendo a produtividade futura.

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A influência da umidade e da Cercóspora

Outro fator preocupante é a Cercóspora, uma doença fúngica que se desenvolve em ambientes com alta umidade e que pode se intensificar nas lavouras afetadas pela escaldadura. O aumento do molhamento foliar observado em algumas regiões contribui para esse cenário, pois a presença prolongada de orvalho nas folhas, seguida de exposição ao sol forte, pode potencializar os danos.

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Expectativas e medidas de manejo

Diante desse cenário, os cafeicultores precisam redobrar os cuidados com as lavouras. A adoção de práticas que reduzam o estresse hídrico, como a manutenção de cobertura vegetal e o uso de produtos que reforcem a resistência das plantas, pode minimizar os impactos negativos. Além disso, o monitoramento constante das condições climáticas e fitossanitárias é essencial para tomar decisões assertivas.

Com a proximidade da colheita, a preocupação com a qualidade do café também aumenta. O desafio agora é manter a sanidade das lavouras e garantir que o potencial produtivo da safra não seja comprometido por esse período prolongado de calor e estiagem.

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