Segundo Vlamir Brandalizze, consultor de mercado, a soja em Chicago enfrenta pressões negativas típicas do início do ano. “Os prémios curtos já estão abaixo de 2 dólares o bushel, com a janela de preços variando entre 9,50 e 10,50 dólares. O suporte é forte em 9,50, enquanto 10,50 atua como uma resistência muito sólida”, destacou.
O avanço da colheita no Brasil e na Argentina contribui para essa pressão. “Embora haja perdas climáticas significativas em algumas regiões brasileiras e no sul da Argentina, o potencial produtivo brasileiro ainda é robusto, superando 170 milhões de toneladas, mesmo com perdas consolidadas”, acrescentou.
Ainda assim, o mercado interno mostra cotações firmes para entrega imediata, com valores entre R$ 139 e R$ 140 por saca, enquanto os contratos futuros apresentam oscilações entre R$ 130 e R$ 140 para os meses de março a agosto. “O prêmio é negativo nos meses iniciais da safra, mas tende a se recuperar mais adiante”, explicou Brandalizze.
Cenário do milho: fundamentos positivos
Já o milho apresenta fundamentos mais favoráveis, tanto no mercado global quanto no nacional. “A produção mundial está abaixo do consumo, impulsionando as cotações”, afirmou o consultor. No Brasil, o milho para exportação varia entre R$ 72 e R$ 74 nos portos, enquanto os contratos futuros na B3 mantêm-se acima de R$ 70. Quanto à safra de verão, Brandalizze alerta para uma redução no volume. “A produção atual deve atingir 21 a 22 milhões de toneladas, menor que os 25 milhões colhidos no ano passado. A segunda safra também enfrenta desafios, com alta nos preços de insumos e uma corrida por sementes de sorgo como alternativa”.
Outros mercados: trigo, arroz e feijão
No mercado do trigo, o consultor destacou a calmaria típica do início do ano, mas com fundamentos positivos. “Há expectativa de uma produção mundial menor do que a demanda, o que deve impulsionar os preços após fevereiro”, afirmou.
Sobre o arroz, Brandalizze ressaltou que a safra brasileira caminha bem, com boas condições climáticas no Rio Grande do Sul e em outras regiões produtoras. “O mercado interno ainda está lento, mas espera-se maior liquidez com o aumento das exportações”, comentou. No caso do feijão, a colheita está em pleno andamento no Paraná, mas o mercado permanece calmo. “Produtores estão segurando vendas, esperando melhores preços após o término da colheita”, destacou.
Exportações e perspectivas para as carnes
O setor de carnes também inicia o ano com otimismo. “A carne bovina brasileira segue como a mais barata do mundo, impulsionando as exportações, mesmo com sinais de limitação por parte da China”, apontou Brandalizze. Em dezembro de 2024, o Brasil exportou mais de 202 mil toneladas, e a expectativa é de um 2025 ainda mais forte.
Para a carne de frango, o consultor projeta embarques superiores a 400 mil toneladas em janeiro, com o setor superando 5 milhões de toneladas exportadas em 2024. “A competitividade do frango e os custos controlados garantem boas perspectivas”, disse. No mercado de suínos, as projeções também são otimistas. “A carne suína segue ganhando espaço no mercado interno e externo, com custos de produção ainda competitivos”, concluiu Brandalizze.
