Nas últimas semanas, o setor cafeeiro tem focado em um tema recorrente: as altas temperaturas e o grave déficit hídrico que afetam as regiões produtoras há pelo menos quatro meses. Nesse cenário desafiador, as queimadas registradas em diversas áreas agravam ainda mais a situação das lavouras.
Déficit hídrico grave e preocupante
Para muitos, esta é considerada a seca mais precoce dos últimos 50 anos, chegando com pelo menos um mês de antecedência. A preocupação cresce porque a seca e a baixa umidade relativa do ar já indicam possíveis problemas para a safra de 2025.
De acordo com dados da Fundação Procafé, na região de Varginha, no Sul de Minas Gerais, o déficit hídrico já alcançou 185 mm, superando o recorde de setembro do ano passado, quando a região registrou um déficit de 164,2 mm, o pior índice pluviométrico da época.

O pior cenário é observado na Mogiana Paulista, que teve 95% menos chuvas nesta temporada. Com base na média dos últimos 49 anos, a Fundação Procafé aponta que, de abril a agosto, a região deveria ter recebido cerca de 32 mm de chuvas, mas o volume foi de apenas 7,2 mm, representando uma redução de 81%.
“Se essa situação continuar, vai faltar água até para irrigação. Estamos nos aproximando da situação de 2014, que foi um verdadeiro caos”, alertou o pesquisador da Fundação Procafé, Alysson Fagundes.
Na Mogiana Paulista, a situação também assusta produtores que utilizam irrigação. Em lavouras de sequeiro, a desfolha das plantas já é visível em muitas áreas. No município de Franca, o déficit hídrico chegou a 290 mm.
Altas temperaturas e queimadas agravam o cenário
As temperaturas elevadas entre os meses de abril e julho deste ano intensificaram esse contexto. Na região de Varginha, as temperaturas ficaram 10% acima da média. No Triângulo Mineiro, o volume de chuvas foi de apenas 9 mm nesta temporada, com um déficit hídrico de 240 mm. “As lavouras suportam um déficit hídrico de 100 a 150 mm, mas estamos falando de quase 300 mm de déficit, a planta não resiste”, afirmou Fagundes.

Cenário de destruição em lavouras cafeeiras no interior de São Paulo. Foto: Redes Sociais
No interior de São Paulo, alguns produtores terão que replantar seus cafezais destruídos pelo fogo, adiando a próxima colheita para 2027. As primeiras estimativas da Fundação Procafé indicam que, em municípios próximos a Franca, cerca de 100 hectares de café foram destruídos pelas chamas. É importante lembrar que, uma vez atingida pelo fogo, a lavoura de café não se recupera e precisa ser replantada.
