PIONEIRISMO: Produtores de Cambuquira extraem óleo vegetal de quiabo

por | jul 5, 2023 | Editoria Especial, Editoria Especial Destaque, Laranja/ Citros | 0 Comentários

Produtores do Sul de Minas são os primeiros no Brasil a extrair óleo de quiabo 

O agronegócio brasileiro chega cada vez mais longe e nós podemos provar! Presente no cotidiano de todos, a atividade agrícola brasileira através da sustentabilidade ganha cada vez mais força para assumir mais espaços, além da indústria alimentícia. Um belo exemplo, é o trabalho da cafeicultora Luciana Abreu. Junto com a família, desde 2019, ela tem investido na extração do óleo essencial e vegetal de café. Na propriedade da família, os cultivos são, café e lavanda. Mas nos últimos meses, o que ganhou mesmo a atenção da família, foi o trabalho em torno do quiabo. Eles são pioneiros na extração do óleo vegetal de quiabo.

A produtora relata que começou a pesquisar a respeito da extração de óleos e, em meio a essa pesquisa encontrou o estudo do professor e pesquisador da Universidade Federal de Lavras – UFLA, Artur Augusto, sobre o uso do óleo de quiabo para biocombustível de transformadores. “Lendo esse trabalho vimos que ele se assemelha muito ao azeite. Eu particularmente no paladar, acho ele bem mais gostoso que o azeite”, explica a produtora Luciana. 

A família ainda tem pesquisado e buscado técnica para melhorar essa extração, mas como são os primeiros no Brasil, além da referência do professor Artur, encontraram mais detalhes apenas em uma universidade no Sul do Brasil e com um americano, que já realiza a extração nos EUA. “É tudo muito novo, mas já temos análises do poder desse óleo nutricionalmente, e sabemos que pode ser usado para cosméticos, como alimento e também na indústria farmacêutica. Temos pesquisas nas três áreas, como fazemos uma extração artesanal, aqui temos vendido como um óleo artesanal cosmético, usado na pele”, relata a produtora. 

Segundo ela o óleo é entregue sempre bem fresquinho, no momento em que a venda ocorre. Hoje, o produto também é direcionado para uma farmácia de São Paulo, que desenvolveu uma linha de cosméticos tanto com o óleo de café, como de quiabo. Até o momento a família realizou o cultivo de quiabo, todo orgânico, assim como café. Mas com uma demanda maior surgindo, a intenção é fomentar o cultivo na agricultura familiar da região. “Havendo uma demanda muito grande, vamos envolver o pessoal da agricultura familiar e propiciar ganho maior para a nossa comunidade” afirma Abreu. 

Outros óleos vegetais

A família tem investido pesado na produção de óleos vegetais, as primeiras extraçõe foram dos óleos de lavanda e café. Segundo Luciana, o óleo de café é extraído com grão verde em uma máquina que realiza a prensa. “É uma prensa que cria um atrito da semente entre dois discos, e assim ocorre a extração do óleo. O ideal é que o grão esteja mais seco e com pouca umidade. Na verdade, quanto mais seco tiver melhor”.

E além do café, recentemente a família deve começar a investir também na extração do óleo de uva e de macadâmia. De acordo com a produtora eles devem começar em alguns dias os testes com a semente de uva, que vem com resíduos vindos de uma vinícola. “Estamos trabalhando para separar os resíduos vindos da vinificação, precisamos deixar a semente no ponto de seca correto, para a extração desse óleo”. Os trabalhos com a semente de macadâmia estão mais adiantados e essa, ainda segundo a produtora, é uma semente que precisa estar super seca. De acordo com Luciana, cada semente necessita de um tipo de trabalho.

A produtora explica que a família decidiu expandir além do café, já que o beneficiamento do grão acontece somente uma vez no ano. Hoje as pesquisas realizadas por eles estão voltadas para fonte de resíduos, como a laranja ou a pokan, que tem uma forte produção no Sul de Minas. “Temos condições de avançar ainda mais nesse sentido, por isso temos pesquisado e estamos em contato com as universidades” conta Luciana. 

E junto com essa família de produtores, a Empresa Mineira de Pesquisa Agropecuária – Epamig, tem trabalhado fomentando pesquisas para um projeto que está sendo desenvolvido na casa com o intuito de viabilizar a produção do óleo vegetal de café em Minas Gerais. Vale destacarmos que esse óleo de café, além de possui alto valor agregado, tem diversos usos possíveis, inclusive pela indústria farmacêutica e para a produção de cosméticos e dermocosméticos, mas ainda é pouco fabricado no Brasil.

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