Existe uma grande probabilidade de que a Páscoa brasileira seja mais salgada este ano, como reflexo do que acontece com as lavouras de cacau no continente africano. A maior produção de cacau do mundo, que abastece milhares de fábricas de chocolate, sai do continente, que enfrenta há algum tempo dificuldades climáticas e doenças severas nos cacaueiros. O cenário, inclusive, tem reduzido drasticamente o potencial produtivo e colocado muitas lavouras no chão. O maior impacto já é sentido nos preços. As cotações de cacau dobraram e atingiram o maior preço dos últimos 65 anos.
Tem chocolate para todo mundo?
Você já se perguntou de onde vem seu chocolate? Uma das principais origens desse produto que tanto adoça as nossas vidas, é o continente africano. O contexto de alta nos preços colocou à tona algo pouco discutido no mercado, mas que preocupa e chama atenção: a alta demanda com uma oferta reduzida.
Para além dos problemas climáticos enfrentados nessa safra, a alta demanda por cacau é fruto do aumento do consumo de chocolate nos quatro cantos do mundo. A demanda cresce a cada dia mais, no entanto, a oferta mundial não consegue acompanhar.
Segundo o último relatório divulgado no fim de 2023, pela Organização Internacional do Cacau, a matéria-prima que atende toda a demanda mundial, é produzida em apenas sete países, ou seja 86%. E desse total, 73% é produzido somente na África. O Brasil atende hoje 4,1% dessa demanda.
A fragilidade dessa safra também escancarou a carência do setor que possui uma produção praticamente artesanal, já que não pode ser mecanizado, além de uma deficiência grande de insumos e investimentos. As necessidades, são pontos que ajustados poderiam resultar em uma produção mais efetiva no futuro.
E a Europa?
Paralelo a isso, existe outra preocupação. As novas regulamentações promulgadas pela União Europeia, no ano passado. O continente europeu é um dos principais mercados de cacau, não só do Brasil, mas de outros países produtores, e essas novas medidas devem também potencializar a alta de preços; já que muitos desses países, precisarão de tempo para se ajustarem as exigências de rastreabilidade.
