A colheita de café robusta avança no Espírito Santo e já supera 20% da produção esperada, segundo dados do Cepea. Esse aumento na disponibilidade do grão, somado ao comportamento mais cauteloso dos compradores, tem pressionado os preços no mercado interno, especialmente para o robusta, que acumula queda de 13% em maio. Já o arábica, embora em início de colheita em algumas regiões, também apresenta retração, com baixa de 7,3% no mesmo período.
De acordo com o analista Lucio Dias, o cenário atual é reflexo da oferta crescente e da demanda mais contida. “A queda nos preços do mercado interno decorre de uma maior oferta de conilon por causa da colheita e dos compradores adquirirem devagar”, explica. Ele observa ainda que fundos de investimento têm liquidado posições de forma gradual, o que também contribui para a pressão negativa nas cotações.
No mercado externo, o mais recente relatório do USDA projeta a produção brasileira de arábica em 40,9 milhões de sacas na safra 2025/26, redução de 6,4% em relação ao ciclo anterior. A queda está relacionada às condições climáticas desfavoráveis em 2024, que afetaram a florada em regiões produtoras.
Para o robusta, o cenário é diferente: o USDA estima uma produção de 24,1 milhões de sacas, um aumento de 15% frente à safra passada. O bom desempenho é atribuído ao clima favorável, que resultou em floração abundante e boa formação de frutos, especialmente no Espírito Santo e na Bahia.
Lucio Dias avalia que os dados do USDA estão alinhados com o que se observa no campo e reforça a atenção ao comportamento do clima nos próximos meses. “Por enquanto, o clima está normal depois de um período de poucas chuvas. De agora em diante, não podemos ter frio que cause geada nas lavouras, e será necessário que, a partir de setembro, as chuvas retornem de forma regular”, alerta.
O analista também destaca que o mercado pode seguir volátil com a aproximação do inverno. “Surgiram alguns boletins com possibilidade de geada nos próximos dias. E assim que outros apontam que não há perigo, o mercado pode voltar a cair mais”, conclui.
