Mulheres que revolucionaram a agricultura brasileira

por | mar 8, 2023 | Agropecuária Destaques, Editoria Especial, Editoria Especial Destaque | 0 Comentários

A história da mulher na agricultura, não começou por agora. Tudo bem que nos últimos anos temos vivenciado uma grande explosão da participação delas nesse mercado. Para se ter uma ideia, segundo levantamento do IBGE de 2022, o número de mulheres que estão à frente de propriedade rurais no Brasil já chega a quase 1 milhão. Destaque para a presença delas na pecuária. A forte pecuária brasileira, vem sendo cada vez mais dominada por elas. No Brasil, 44,1% das mulheres, estão à frente de propriedades rurais com atividade na pecuária. Esse número soma 450,7 mil.  Em seguida vem a produção de lavouras temporárias, que tem 34,4% delas dirigindo algum negócio, elas somam 325,6 mil.  E na produção de lavouras permanentes ela somam 92,2 mil ou 9,7%.

Mas para que essa realidade fosse possível hoje, muitas outras mulheres caminharam lá trás, para um agronegócio forte através da mão delas. E hoje vamos relembrar algumas dessas mulheres, que revolucionaram a agricultura brasileira.

Johanna Döbereiner a responsável por você não ter que adubar sua soja com nitrogênio

Ela nasceu em 1924, na Tchecoslováquia, estudou agronomia e chegou no Brasil em 1951.  Aqui, se uniu no objetivo de transformar o Brasil em potência. Naquela época, foi necessária a ocupação do Centro-Oeste brasileiro, para a maior produção de alimentos do país. Isso fazia parte de um planejamento estratégico, onde a soja se encaixava perfeitamente, na chamada Revolução Verde. E para que essa revolução acontecesse, foi criada a Comissão Nacional da Soja, que Johanna integrava, e de onde foi peça fundamental.

Nessa comissão, decidiriam na época, como seria a pesquisa para aclimatar a soja às condições de solo e clima do Brasil. Ali, Johanna entrou em um forte embate, para defender a fixação biológica de nitrogênio (FBN). Isso porque, o uso do adubo nitrogenado, sairia muito mais caro para os produtores brasileiros, e com a aplicação de bactérias, o custo benefício seria muito melhor.

Dessa maneira, devido à Johanna, a soja aclimatada ao Brasil foi selecionada e melhorada para produzir muito sem adubo nitrogenado, apenas com a simbiose entre bactérias e plantas. Com isso, economizamos anualmente cerca de 1 bilhão de dólares e a economia fez com que a soja brasileira ficasse mais barata e competitiva no mercado internacional. Precisamos destacar que Johanna se tornou cidadã brasileira em 1956, completando sua pós-graduação na Universidade de Wisconsin, em 1963. A sua carreira foi dedicada nos estudos de fixação biológica de nitrogênio nas plantas, seu foco era uma agricultura cada vez mais sustentável.

E ela conseguiu muitos avanços, tanto que descobriu bactérias fixadoras de nitrogênio em plantas, como, milho e a cana-de-açúcar. Ela foi reconhecida mundialmente como autoridade no assunto, ganhando diversos prêmios por suas pesquisas, inclusive uma indicação ao Nobel de Química. Johanna viveu do salário de pesquisadora da Embrapa e na mesma casa durante 48 anos. Ela nos deixou em 2000.

Veridiana Victoria Rossetti e o manejo fitossanitário

Veridiana foi destaque na agricultura dedicando sua carreira ao estudo de doenças da citricultura brasileira.  Ela foi fundamental para a construção de manejos eficientes no combate a leprose do citros, cancro cítrico, clorose variegada, e outros. Veridiana se tornou também, uma das maiores pesquisadoras no mundo em doenças que atingem a citricultura.

A pesquisadora se destacou ainda mais, quando conseguiu levar os conhecimentos da ciência para os produtores rurais e, com assistência técnica, colocou esses estudos na prática do campo. Victoria também era Membro da Academia Brasileira de Ciências e foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em 2004.

 

Leila Macedo e a biotecnologia no agro brasileiro

Leila Macedo possui Ph.D. em Microbiologia e Imunologia, sendo uma das maiores responsáveis pelo avanço biotecnológico no Brasil recentemente. A cientista foi fundamental na elaboração da Lei de Biossegurança, sendo a primeira mulher a presidir a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), entre 1999 e 2001.

Leila estabeleceu normas que norteiam os profissionais da área de biotecnologia, influenciando políticas públicas e impactando positivamente a agricultura brasileira. Por essas contribuições, recebeu o prêmio o Prêmio Norman Borlaug Sustentabilidade em 2018 no Congresso Brasileiro do Agronegócio.

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