A presença feminina na cafeicultura ao longo dos últimos anos tem tomado novas proporções. Levando mais dinamismo e um cuidado diferente para o campo, elas ganharam notoriamente um espaço que já existia, mas que ainda não havia sido entregue para elas. Em Nepomuceno, um grupo de mulheres se uniu para fazer acontecer na cidade algo inédito, um trabalho pelo fortalecimento da cafeicultura a partir do olhar delas.
Andréia Lourençoni é produtora de café e médica pediatra na cidade. Ela e mais 10 mulheres se uniram percebendo que precisavam agregar valores ao produto.
“Todas nós temos uma história com a cafeicultura. Muitas nasceram na cafeicultura, outras vieram para cafeicultura, mas tem o café como objetivo final de melhorar o café do Brasil e melhora o café de Nepomuceno.”

O projeto “As Cafezeiras” surgiu junto com o festival de gastronomia Cultura e Arte de Nepomuceno. Cada uma dessas mulheres possui uma história única com o café. Algumas carregam essa paixão desde a infância, outras, tiveram que buscar no cultivo a superação para momentos difíceis, como comenta Patrícia Mara Oliveira que se envolveu no cultivo após o falecimento do marido mesmo sem entender muito sobre a cultura.
“Uma mulher chegar a lidar com muitos homens foi difícil! Eu tive que impor muito, tive que explicar pra eles a importância de estar ali, porque eu precisava deles também.”

As histórias em torno do grupo são diversas. Mas uma coisa é fato, foi preciso determinação de todas elas para ocupar esse espaço na cafeicultura. Se antes as mulheres tinham espaço limitado nas fazendas, hoje, elas dão as ordens em campo.
O grupo atualmente serve de apoio entre as produtoras, que em conjunto somam umas com as outras. Em todas as lavouras, elas passaram pela necessidade de serem fortes e terem firmeza nas tomadas de decisões. “A gente troca muita ideia, a gente conversa muito e eu acho que é o importante. O que acontece na propriedade de uma a gente troca opiniões “, ressalta Patrícia.

O Município de Nepomuceno e a produção de cafés especiais
Nepomuceno produz anualmente 22 mil toneladas de café e a união dessas mulheres, tem por objetivo mais conhecimento e oportunidade em campo. E a Andréia afirma que o projeto “vai valorizar muito as mulheres na cafeicultura. E encorajar outras mulheres a vestir a camisa das Cafezeiras”.
Uma história que se destaca no projeto é a história da Fazenda Saborosa. Na propriedade o café ganhou mais espaço, e novas proporções pelas mãos de uma ex-contadora. Para aproveitar do seu conhecimento com números, Luciana Moreira passou a cuidar da administração da fazenda. Esse é mais um exemplo, de profissional que enxergou no café mais que uma nova fonte de renda, mas uma paixão.
“Com o tempo eu fui me interessando cada vez mais pelo café e isso fez com que eu deixasse meu emprego para me dedicar cem por cento pra fazenda.” E afirma que “o café foi uma paixão mesmo. E hoje eu me sinto realizada.”

Com a ajuda da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG), as mulheres passam por treinamentos, especializações e monitorias para se dedicar à produção Do café especial.
E por aqui a união delas e a busca por mais espaço nesse mercado, é uma das principais motivações do grupo. Mostrar que elas podem ir além.
“Nós estamos procurando o nosso espaço, mostrar nosso café, nosso produto e o nosso trabalho. Eu acho que a gente pode ser um exemplo pra outras mulheres se sentirem motivadas porque, é uma mulher motivando a outra, dando força pra outra e mostrando que é possível sim”.

A cidade de Nepomuceno hoje, segundo o governo de Minas é a 15ª no ranking estadual de produção de café. Mas no que depender dessas mulheres, o município deve chegar cada vez mais longe, com o café das cafezeiras.
Para essas mulheres é o privilégio em ter o café produzido com tanto cuidado e dedicação pelas Cafezeiras na outra ponta do mundo, que faz todo trabalho valer a pena.
“Quem tá lá tomando nosso café espera que a gente faça isso mesmo, esse trabalho bem feito!”

