Fungo na Antártica pode resultar em biopesticidas naturais

por | mar 7, 2025

Uma importante descoberta de bioinsumos foi realizada por uma equipe de cientistas brasileiros e norte-americanos, que identificaram compostos bioativos com grande potencial para o desenvolvimento de biopesticidas naturais. A pesquisa, realizada em parceria com instituições renomadas como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Embrapa Meio Ambiente (SP) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), ocorreu na região do Oceano Austral, na Antártica.

Durante o estudo, foi isolado um fungo encontrado em sedimentos marinhos a mais de 400 metros de profundidade. O organismo, denominado Penicillium palitans, revelou substâncias antifúngicas e fitotóxicas com potencial para substituir, de forma sustentável, os agroquímicos sintéticos amplamente utilizados na agricultura moderna. Entre os compostos identificados, destacam-se a penienona e a palitantina.

Segundo a pesquisadora Sonia Queiroz, da Embrapa, a descoberta dessas moléculas bioativas de origem natural oferece uma alternativa viável para reduzir a dependência de pesticidas químicos, alinhando-se à crescente demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis e ao conceito de Saúde Única, que integra a saúde ambiental e humana. Ela ressalta, no entanto, que a transformação dessas substâncias em produtos comerciais dependerá de mais estudos para garantir sua segurança, eficácia e estabilidade nas condições reais de cultivo.

O avanço no estudo dessas substâncias é um passo importante na biotecnologia aplicada à agricultura, destacando o potencial da bioprospecção em ambientes extremos, como a Antártica. “Nosso próximo passo será ampliar os estudos toxicológicos e ecotoxicológicos e explorar a viabilidade da produção em larga escala, com possível colaboração entre instituições de pesquisa e empresas do setor agrícola”, afirma Luiz Rosa, professor do Departamento de Microbiologia da UFMG e coordenador da pesquisa.

Essa descoberta não só abre novas possibilidades para o uso de bioinsumos eficientes e ecológicos, mas também evidencia a importância da colaboração internacional na busca por soluções inovadoras e sustentáveis para os desafios da agricultura moderna.