Frigoríficos em crise: Contas no vermelho e férias coletivas

por | ago 16, 2022

Os frigoríficos que atendem à demanda doméstica no Brasil estão em crise. Nas últimas semanas vários ofertaram férias coletivas em muitas praças. O cenário retrata a dificuldade desses estabelecimentos em conseguirem repassar os custos da matéria prima do boi gordo. O especialista de mercado, Fernando Iglesias, explica a situação. “Tivemos um movimento recente dos frigoríficos ofertando férias coletivas no Mato Grosso, e outros estados. Isso é um sintoma de que a operação dos frigoríficos que atendem à demanda doméstica, não está indo muito bem”.

O cenário também tem feito com que os frigoríficos reduzam a capacidade de abate e busquem recursos para que a operação seja cada vez menos onerosa.  “Isso tem formado uma pressão de baixa acentuada nesse momento. O mercado foi bem pressionado nos últimos dias, caíram os preços no mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas e São Paulo. Na verdade, nas principais praças pecuárias do país, essa queda vem sendo registrada em decorrência das mudanças passadas pelos frigoríficos”.

Desde 2020 esse cenário vem se formando com uma grande diferença na formação de receitas entre os frigoríficos que exportam e os que atendem o mercado doméstico.

“Basicamente o que acontece, é que os preços do boi gordo estão subindo em função das exportações que são bastante robustas, só que o frigorifico que opera só no mercado doméstico, ele não consegue fechar essa conta, muitas vezes, em muitos momentos nos últimos dois anos, ele tá operando com margem no vermelho”.

De acordo com o especialista muitos desses produtores tem trabalhando no negativo por conta da dificuldade de repassar o valor da cadeia produtiva. Uma das estratégias dos produtores tem repassar através de derivados do abate de bovinos, os custos de produção. Além disso, outras estratégias de vendas também vem sendo buscadas, no sentido de melhorarem a rentabilidade média.

“O problema dessa situação é que o grande produto de um frigorífico, é a carne, a venda de carne, o produto principal. E como ele não consegue repassar nesse preço, ele tem que usar de outras estratégias, pra conseguir melhorar a sua rentabilidade”.

No entanto mesmo com esses subterfúgios, os frigoríficos da demanda doméstica não escaparam da crise e a preocupação agora gira em torno da disparidade de concentração de mercado, onde apenas os grandes frigoríficos tem suportado esse momento que a pecuária de corte está atravessando, já que atendem amplamente a demanda de exportação.