FERTILIZANTES: Crise energética gera incerteza quanto aos nitrogenados nos próximos meses

por | out 15, 2022 | Agropecuária Destaques, Mercado, Mercado Destaque | 0 Comentários

A antecipação da compra de fertilizantes por parte de importadores brasileiros, movimentou o mercado de fertilizantes mundialmente. Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, muitos importadores anteciparam suas compras. Nos últimos meses, o cenário de retração nos preços se tornou realidade, assim como a redução de compras por parte dos produtores brasileiros.

O Analista de mercado da Agrinvest, Jeferson Souza, em um bate-papo conosco trouxe um balanço sobre o cenário atual dos fertilizantes e destacou a queda nos preços nas principais matérias-primas, o que melhorou o poder de compra dos produtores. “O preço das principais matérias primas tiveram retração em torno de 40% a 45% do mês de maio até agora. Isso melhorou muito o poder de compra do produtor que estava comprometido em fevereiro e março, quando deu início a guerra entre Ucrânia e Rússia”.

No entanto, mesmo com essa melhora no poder de compra, a Anda – Associação Nacional para Difusão de Adubos – divulgou recentemente uma redução de 8,9% da compra de fertilizantes por parte dos produtores brasileiros. E a importação que foi questão chave no Brasil, nos levou também a problemática de dificuldade no armazenamento desses produtos. Jeferson ressalta que foi algo atípico e que não acredita que a situação prevaleça.

“Não estávamos habituados a ver compras antecipadas como vimos. Essa questão de reexportar é muito atípica no mercado, não acredito que isso vai ganhar corpo no Brasil, não é uma regra, não podemos dizer isso e muito menos que vai prejudicar nossa oferta. Na minha opinião nos próximos três meses, vamos ver uma desaceleração nas importações”.

Quanto a expectativa desse cenário para os meses seguintes, o analista ressalta a continuidade de queda em algumas matérias-primas e uma preocupação com a produção de fertilizantes nitrogenados na Europa. Com a crise energética que o continente vem enfrentando, a possibilidade de escassez do gás natural, principal matéria-prima dos nitrogenados, gera grande preocupação.

“Considerando o fósforo e o potássio, estamos com cenário que permite queda para essas matérias-primas. Para o nitrogenado é que as coisas estão tensas, porque tenho uma produção europeia comprometida, a Amônia, por exemplo, com corte de 70%. O que sabemos é que se aproxima o inverno na Europa, as temperaturas caem e aumenta o consumo doméstico de fertilizantes, nós primeiro vamos ter que analisar preço e a disponibilidade de gás natural para produção de fertilizantes nitrogenados na Europa. Caso continue como está, veremos volatilidade no preço da Uréia”, completa.

Assista ao bate-papo completo dando Play no Agro:

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