As bolsas dispararam na semana passada com a notícia de geada no Cerrado Mineiro e na Alta Mogiana Paulista. Como sempre, os impactos climáticos movimentam o mercado cafeeiro e acendem diversos alertas.
Na semana passada, as temperaturas caíram fortemente em diversas regiões produtoras de Minas Gerais. No Cerrado, a chamada geada de capote assustou os produtores, apesar dos danos serem pequenos em comparação com a última geada registrada em 2021 no estado.

“Houve uma grande formação de gelo no meio da rua do café, mas a planta em si foi pouco afetada. Somente as copas foram atingidas, e é isso que chamam de geada de capote”, explica o engenheiro agrônomo Luiz Donizetti.
Estresse hídrico protege plantas em Minas Gerais
Os impactos das altas temperaturas que têm atingido Minas Gerais desde o ano passado já foram sentidos nesta safra, com grãos miúdos resultando em peneira e rendimento baixos.
Esse mesmo estresse também foi perceptível durante a pequena geada. “Essa geada mostrou que as plantas estavam estressadas e com um alto nível de déficit, o que as protegeu das baixas temperaturas”, destaca Donizetti.
Segundo o engenheiro agrônomo, a principal preocupação no momento é com a safra de 2025, devido ao déficit hídrico, já considerado acima do normal e sem previsão de chuvas para os próximos 15 dias.
“Estamos com um déficit hídrico bem acima do normal, cerca de 30 dias adiantado em relação ao período normal de estiagem. Então, nem todos terão água suficiente para passar tranquilamente pela florada”, lamenta.
Outra preocupação é que, no Cerrado Mineiro, grande parte dos produtores trabalha com irrigação por gotejamento. Com a queda no volume de água dos córregos e ribeirões, muitas bombas podem ser lacradas na região. “Os produtores que possuem reservatórios terão água por um período de, talvez, 15 ou 30 dias no máximo”, enfatiza.
Safra menor em 2024
O Cerrado Mineiro, assim como outras regiões cafeeiras do país, também registrou uma forte quebra nesta safra. “Já estávamos em um ano de baixa, mas lavouras que deveriam produzir 20, 30 sacas por hectare chegaram a render apenas 10, 15 sacas. Isso é menos do que o custo operacional”, explica Luiz. A maioria dos cafeicultores deve fechar o ano com uma safra negativa em comparação ao ano passado.
