Clima em novembro traz chuvas mais regulares e temperaturas amenas nas regiões cafeeiras

por | out 30, 2025

As chuvas retornam de forma mais consistente às lavouras de café neste mês de novembro, marcando o início de um período de maior regularidade climática nas principais regiões produtoras do país. A análise é da agrometeorologista da Rural Clima, Ludmila Camparotto, que destaca o enfraquecimento gradual do fenômeno La Niña e a tendência de temperaturas mais amenas, especialmente no Sudeste e Sul do Brasil.

La Niña segue ativa, mas com menor intensidade

Segundo Ludmila, as condições atmosféricas e oceânicas atuais confirmam a presença da La Niña, com anomalias negativas na temperatura da superfície do mar nas regiões Ninõ 3.4 e 1+2, localizadas no Pacífico Equatorial.  “Estamos sob influência de La Niña fraca e de curta duração, que deve perder força ao longo do primeiro trimestre de 2026”, explica.

Apesar de seu caráter mais leve, o fenômeno ainda favorece a entrada de massas de ar frio sobre áreas do Sul e Sudeste, o que justifica as quedas pontuais de temperatura observadas nas últimas semanas.  “Essas incursões de ar frio podem se repetir no fim de outubro e início de novembro, mas sem risco de geadas. O máximo que esperamos são períodos com temperaturas mais baixas, o que é até benéfico para o café”, complementa.

Atlântico mais aquecido favorece o avanço das chuvas

A meteorologista explica que, além do Pacífico, o Atlântico exerce papel decisivo sobre a qualidade das chuvas no Brasil.  Enquanto o Atlântico Tropical Norte ainda apresenta temperaturas abaixo da média, o Atlântico Sudeste tende a aquecer nas próximas semanas — fator que favorece o avanço das frentes frias e estimula a formação de nuvens de chuva sobre o Sudeste e parte do Centro-Oeste.

“Com o Atlântico mais aquecido, as chuvas se tornam mais frequentes e melhor distribuídas. Essa regularidade é essencial para o pegamento dos frutos e a formação dos chumbinhos nas lavouras de café”, explica Ludmila.

Chuvas regulares beneficiam o pegamento da florada

Para novembro, a especialista prevê melhor regularização das chuvas em comparação aos meses anteriores.  “Não significa que choverá todos os dias, mas a frequência será bem maior. Mesmo volumes entre 20 e 30 milímetros semanais já são suficientes para garantir boa umidade do solo e desenvolvimento saudável dos frutos”, observa.

Em estados como Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo, a expectativa é de chuvas regulares e bem distribuídas, ainda que com variações de intensidade.  Essa condição deve favorecer o pegamento das floradas recentes e o crescimento dos chumbinhos, fases decisivas para a produtividade da próxima safra.

Rondônia terá volumes elevados e atenção ao manejo fitossanitário

Na região Norte, especialmente em Rondônia, a previsão indica altos volumes de chuva já em novembro e continuidade durante dezembro, janeiro e fevereiro. De acordo com Ludmila, essa condição exige atenção especial dos produtores ao manejo fitossanitário. “As chuvas frequentes e a alta umidade aumentam o risco de doenças fúngicas e bacterianas. O produtor deve planejar bem os tratamentos fitossanitários, respeitando intervalos e condições adequadas de aplicação”, alerta.

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Temperaturas amenas reduzem estresse nas lavouras

Um dos pontos positivos da atuação da La Niña é a manutenção de temperaturas amenas nas principais regiões cafeeiras.
Segundo Ludmila, o cenário é favorável para o pós-florada, já que evita picos de calor que poderiam aumentar a evapotranspiração e comprometer a retenção dos frutos. “Não esperamos períodos prolongados de calor extremo. As temperaturas mais suaves ajudam o café a se desenvolver de forma mais equilibrada”, explica.

Ainda assim, ela reforça que pode haver breves intervalos de estiagem, sobretudo em áreas do Sudeste, o que torna essencial manter a nutrição do solo e o manejo equilibrado da lavoura para suportar possíveis estresses hídricos.

Clima favorece desenvolvimento das lavouras e exige manejo técnico

Com chuvas frequentes, temperaturas equilibradas e ausência de extremos, o mês de novembro deve marcar uma fase positiva para o desenvolvimento do café.  A meteorologista ressalta que o controle fitossanitário continuará sendo um ponto-chave da estação. “É um ano que exige atenção às pragas e doenças, especialmente com a alta umidade. Por outro lado, as temperaturas amenas e chuvas regulares criam um ambiente favorável para o crescimento vegetativo e a formação dos frutos”, conclui Ludmila Camparotto.