Chuva em excesso preocupa cafeicultores e liga alerta para questões biológicas

por | fev 2, 2023 | Agenda Agrícola, Agenda agrícola Destaque, Agropecuária Destaques, Café | 0 Comentários

No município de Guapé, as chuvas intensas subiu o nível da Represa de Furnas, que acabou atingindo uma lavoura de café, plantada as margens da represa.

Após dois anos de estiagem nas principais regiões cafeeiras do país, a chuva começa a se tornar motivo de preocupação. Desde outubro do ano passado, o volume de chuvas no Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Alta Mogiana em São Paulo, subiu gradativamente. O volume registrado nessas regiões em janeiro, superou o que foi registrado em chuva nos últimos seis anos.

A preocupação entre os produtores, é que o excesso dessa chuva começa a interromper manejos importantes na cultura. Levando em conta o ponto de vista operacional e logístico, alguns manejos seguem atrasados.

Dentre tantos, as adubações de solo e folha para controle de doenças. Outro ponto que preocupa é o crescimento de mato já próximo da linha de plantio, que aumenta a competição por nutrientes com a planta. Além disso, também preocupa os prejuízos na fração biológica dos solos, com os microrganismos aeróbicos, situação ruim e delicada para esse momento de enchimento dos grãos e crescimento dos ramos. E os nutrientes móveis também são motivo de preocupação nesse momento, como o N e K, que estão sofrendo lixiviação, deixando deficiências a mostra.

E com alta tolerância ao encharcamento do solo, as lavouras dessas regiões tiveram o déficit hídrico dos últimos dois anos zerados em janeiro.  “O vigor das plantas mostra que os cafeeiros tem reagido positivamente ao excesso de chuva”, ressalta o professor José Donizeti Alves.

O professor destaca outras preocupações sob o ponto de vista bioquímico e fisiológico, levando em conta que muitas vezes o mesmo volume de chuva em regiões diferentes, variam os níveis de oxigênio.

Questões, como, tipo de solo, teor e tipo de argila e de matéria orgânica, nível de compactação do solo, declividade do terreno, entre outros pontos vão variar essa questão.  O que leva a preocupação com situações como os baixos níveis de oxigênio, que afetam o cafeeiro. Segundo o professor sempre que os níveis de oxigênio estiverem baixos, a planta sentirá estresse hídrico e passará por uma série de ocorrências, chamada de síntese de ACC nas raízes e nas folhas.

“Precisamos ressaltar que ACC produzido nas raízes é transportado até as folhas onde é convertido em etileno. A presença desse hormônio em níveis relativamente elevados na parte aérea, enfraquece a parede das células do pecíolo ou do pedúnculo, provocando a queda de folhas e de frutos, respectivamente”. O alerta do professor, é que o cafeicultor fique atento aos pontos listados acima, para que não tenham suas lavouras comprometidas.

 

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