As exportações brasileiras de carne bovina podem enfrentar desafios nos próximos meses devido a uma investigação em andamento na China. O governo chinês avalia o impacto da carne importada na produção local e pode elevar as tarifas de importação a partir de agosto ou setembro. Segundo Fernando Iglesias, analista de mercado da Safras & Mercado, essa possibilidade gera um clima de incerteza para os exportadores brasileiros.
“A China está investigando o impacto da carne bovina importada na produção local e isso pode gerar um certo desconforto ali a partir de agosto, setembro, quando a China pode elevar as tarifas de importação de carne”, explica Iglesias. Caso essa elevação aconteça, não afetará apenas o Brasil, mas também outros países exportadores.
No entanto, o governo chinês precisa equilibrar essa questão com a segurança alimentar da sua população. “É um fino balanço que precisa ser feito”, destaca Iglesias. Ainda assim, há chances reais de que as tarifas sejam ajustadas, o que poderia impactar as vendas brasileiras.
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Já no mercado interno, o consumo de carne bovina segue estagnado. “Não tem perspectiva de melhora por enquanto. O poder de compra da população é baixíssimo, não tem grande capacidade de adquirir produto com preços elevados”, afirma Iglesias. Ele ressalta que a carne bovina tem se mantido como um item caro ao longo da última década e não há uma mudança esperada para o curto prazo.
Diante desse cenário, a diversificação de mercados é essencial para reduzir a dependência do Brasil da China. “O Japão tem uma possibilidade muito boa de habilitar frigoríficos aqui do Brasil a partir do momento que adquirirmos o status livre de aftosa sem vacinação”, aponta Iglesias. Segundo ele, a ampliação das exportações para novos mercados fortaleceria a posição brasileira e mitigaria possíveis impactos negativos de mudanças na demanda chinesa. “Essa diversificação faria com que uma possível mudança de comportamento chinês dentro do mercado fosse menos impactante aqui para o Brasil”, finaliza o analista.
