A maioria das regiões produtoras de café já registrou a florada. O que tem preocupado a maioria dos cafeicultores tem sido as altas temperaturas projetadas para as próximas semanas. O cenário de calor excessivo pode colocar em risco o desenvolvimento dessa frutificação; nesse contexto, tanto flores que abriram como chumbinhos, como botões florais que estão por vir, podem ser prejudicados, conforme alerta o pesquisador da Fundação Procafé, Alisson Fagundes. “Essas altas temperaturas podem dar problema no desenvolvimento dessas lavouras.”
Como a cafeicultura nos últimos dois anos sofreu bastante com intempéries climáticas, como granizo, geada e estiagem, a preocupação dos produtores com a safra 24 já vinha antes desse cenário. Segundo previsões da Rural Clima, o mês de outubro deve trazer chuvas para as regiões produtoras de café, porém, chuvas irregulares. “A preocupação em relação à safra 24 já é anterior a esse problema devido às lavouras de carga média de 2023, muitas das quais não repetirão a safra em 24. Com esse problema aumentando o déficit hídrico, essas lavouras de carga média que dariam alguma coisa, agora não darão mesmo. Já havíamos perdido um grande percentual dessas lavouras, e ele aumentou muito. E as previsões de chuvas que temos são incertas,” ressalta.
Para o pesquisador Alisson, os produtores que trabalham com irrigação devem usá-la bastante neste momento. “Para esse cenário, não há o que fazer. Para cenários futuros, o produtor precisa aumentar as aplicações de matéria orgânica no solo, aumentando a resistência da planta ao déficit hídrico, fazer em dia a aplicação de corretivos e condicionadores de solo que promovem o maior enraizamento da planta em profundidade.” Essas medidas, segundo o pesquisador, são alguns caminhos que podem ajudar a mitigar o déficit hídrico no futuro.
Mercado reage ao cenário brasileiro
O cenário das lavouras cafeeiras no Brasil é constantemente observado pelo mercado e nas últimas semanas mexeu muito com os preços, que tiveram alguns movimentos de alta. “Primeiro começou com o dólar caindo aqui no Brasil e depois essa questão do clima. Essa questão de expectativa com essa temperatura elevada nesse início de primavera com tempo mais seco causou essa movimentação,” explica o economista de Safras e Mercado, Gil Barabach.
Segundo ele, o cenário preocupa quando se pensa na safra 24. “A gente teve o dólar ganhando valor de novo; isso tirou um pouco o preço do café lá em Nova York e também tivemos uma redução em relação aos temores como efeito dessa temperatura elevada. E isso ainda está no radar; agora temos que acompanhar essas lavouras e ver qual será o efeito disso tudo,” ressalta Gil.
Ainda segundo o economista, o que deve determinar mesmo como fica o mercado será a expectativa do retorno das chuvas em bom volume ao longo do mês de outubro.
