O mercado do boi gordo segue com um viés baixista no curto prazo, reflexo da grande oferta de animais e das escalas de abate confortáveis dos frigoríficos. De acordo com o analista de mercado Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, esse cenário deve persistir no primeiro semestre, com o auge da safra previsto para o segundo trimestre do ano.
“Temos uma grande quantidade de oferta no mercado, os frigoríficos têm escalas de abate bastante confortáveis, então o cenário é baixista”, explica Iglesias. Segundo ele, a ampla disponibilidade de animais mantém a pressão sobre os preços no curto prazo.
Boi gordo: preços em queda com oferta maior e consumo desaquecido
No entanto, a tendência para o segundo semestre é de recuperação, com reajustes positivos na arroba do boi gordo. “O mercado tende a se acomodar e apresentar maior potencial para alta de preços no segundo semestre”, afirma.
Outro ponto relevante é o atual ciclo pecuário, que indica uma inversão. Iglesias destaca que a reposição de animais já está mais cara e, em breve, deve ocorrer um movimento de retenção de matrizes, reduzindo a oferta de bezerros no mercado. “Tudo isso tem um peso imenso quando olhamos para a formação de tendência dentro do mercado”, ressalta o analista.
Além da oferta interna, o mercado do boi gordo também é impactado pela demanda externa, especialmente pelas exportações para a China. O chamado “boi China” segue com preços superiores e deve manter essa característica ao longo do ano. “A exportação para a China tem sido a grande variável dessa década na formação de preços da arroba do boi gordo”, pontua Iglesias, lembrando que esse fator tem sido determinante desde 2020. Dessa forma, o mercado deve atravessar um período de pressão baixista nos primeiros meses do ano, com tendência de recuperação na segunda metade de 2025, impulsionada pela oferta mais restrita e pela continuidade das exportações para a China.
