Andav discute os impactos das novas regras do Green Deal

por | ago 8, 2024

A agricultura brasileira, reconhecida por sua importância global, enfrenta um momento de tensão diante das novas exigências impostas pela União Europeia através do Green Deal, especificamente a legislação anti-desmatamento, conhecida como UDR. Em uma entrevista exclusiva, durante o Congresso Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), Sueme Mori, Diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), expressou suas preocupações com o cenário que se desenha para o setor agropecuário nacional.

“O foco principal dentro do pacote verde da União Europeia, o chamado Green Deal, é a legislação anti-desmatamento, conhecida como UDR. A partir de janeiro de 2025, essa legislação afetará sete cadeias, incluindo café, soja e carne bovina. Ela impõe critérios rigorosos, como a proibição da entrada de produtos agropecuários no bloco europeu provenientes de áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020″, explicou Sueme.

Desafios da Legislação Europeia

A UDR introduz uma série de desafios para o Brasil, que é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo. “O Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, e nossa história de crescimento no mercado exterior é impressionante. Cada vez mais, o mercado internacional é absolutamente vital para o setor agropecuário”, destacou a diretora da CNA. A classificação de países em graus de risco pela União Europeia e a falta de informações claras também são fatores que geram insegurança para os produtores brasileiros.

Entre os principais pontos de preocupação está o custo elevado de comprovação das exigências. “A grande preocupação que temos não é com o cumprimento das exigências, mas com o custo de comprovação. Essas medidas acabam prejudicando os pequenos produtores, que têm mais dificuldade em absorver esses custos em comparação aos grandes produtores”, afirmou Sueme.

O Papel dos Distribuidores na Sustentabilidade

O setor de distribuição tem um papel crucial na adaptação às novas exigências europeias, contribuindo para uma agricultura mais sustentável. “O distribuidor tem um papel fundamental nesse processo, pois é uma cadeia interligada. Se pensarmos em insumos, por exemplo, muitas legislações europeias afetam defensivos e produtos químicos, adotando uma lógica que não considera a realidade da nossa agricultura tropical”, explicou a diretora.

Além disso, Sueme Mori destacou a importância de os distribuidores estarem atentos às mudanças e colaborarem para que o Brasil se mantenha competitivo no mercado internacional. “É importante que o produtor e todos os envolvidos na cadeia, incluindo os distribuidores, estejam presentes e atentos a esses temas”, ressaltou.

Como a distribuição pode colaborar para a sustentabilidade da agricultura brasileira?

Diante das crescentes exigências internacionais, a agricultura brasileira enfrenta desafios significativos, mas também tem a oportunidade de reforçar práticas sustentáveis e inovadoras. O papel dos distribuidores é fundamental para garantir que os produtos brasileiros continuem a atender às demandas globais, mantendo a competitividade e a sustentabilidade do setor. A colaboração entre produtores, distribuidores e todas as partes envolvidas será essencial para enfrentar as adversidades e aproveitar as oportunidades que surgirem.