Andav debate venda direta no setor de insumos

por | ago 7, 2024

Queda no faturamento das redes de distribuição preocupam

O primeiro dia da Andav 2024 foi pautado por temas importantes para o setor de distribuição. Dentre eles, os impactos da venda direta de insumos agropecuários, bem como a queda no faturamento das redes de distribuição do setor.

Durante a coletiva de imprensa, o presidente executivo da Andav, Paulo Tibúrcio, pontuou dados exclusivos sobre a mais recente pesquisa da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários, que deve ser apresentada na próxima quinta-feira (08).

Dentre os destaques está a queda de 17% no faturamento do setor, um número que é também próximo à queda sentida nas cooperativas agropecuárias pelo país. Segundo os dados, os grandes grupos registraram as maiores perdas nesse contexto.

“Tivemos gente perdendo até 40% em 2023. Não é verdade que o pequeno distribuidor vai sumir; ele vai sumir se não tiver estratégia. A distribuição tem uma falha muito grande, que é não fazer pós-venda”.

Empresas rasgam estratégias e arriscam venda direta

A venda direta de insumos agropecuários tem sido uma preocupação do setor de distribuição nos últimos meses. A volatilidade do mercado e as muitas oscilações sentidas por toda a cadeia produtiva resultaram nesse cenário. Para Tiburcio, o Brasil não tem condições de fornecer suporte e assistência técnica em campo, que hoje é dada pelas cooperativas e distribuidoras.

“É necessário um setor saudável e, a partir do momento que você começa a focar em venda direta, você começa a perder sua força de assistência, de levar tecnologia e fazer ela ser aplicada no campo. Por isso a Andav tem alertado os distribuidores para que exista esse acesso mais saudável ao produtor. No entanto, o que estamos vendo são empresas rasgando suas estratégias para baterem metas”.

Nos últimos dois anos, o setor de distribuição viveu um momento de altíssimos estoques, com preços elevados. “Teve produto que o distribuidor pagou R$80 e depois ele passou a valer R$20. E o distribuidor estava estocado, e o fornecedor precisava bater sua meta, o que fortaleceu o apelo pela venda direta”, ressalta Paulo.

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Que tipo de serviço o setor de distribuição pode oferecer?

Apesar de ter agravado bastante a queda no faturamento, o momento é considerado apenas uma fase pelo setor. Segundo Paulo, a união de esforços para atender o produtor deve ser colocada em prática. E, nesse contexto, destaque para as prestações de serviços, que tendem a ser o foco do setor em um futuro próximo.

Esse modelo de negócio entre a distribuição e o produtor é algo já aplicado em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. “Nos EUA, eles cobram pelos serviços que levam ao agricultor, isso tem valor, e no Brasil não se pratica isso. Precisamos aumentar esses serviços e cobrar por isso”, explica Tibúrcio.

A possibilidade de ofertar serviços agrega valor ao setor e reduz a dependência das margens de vendas dos produtos.