O terceiro trimestre de 2025 foi marcado por queda contínua nos preços do leite cru e pelo aumento das importações de lácteos, cenário que pressiona a rentabilidade do produtor de leite.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os preços do leite recuam há cinco meses consecutivos, e a tendência é de desvalorização até o fim do ano.
Essa redução resulta tanto do crescimento da produção nacional de leite — impulsionada pelos investimentos em eficiência e pelo aumento sazonal da oferta na primavera e no verão — quanto do maior volume de produtos importados.
Preços do leite e derivados atingem os menores valores do ano
De acordo com levantamento do Cepea em parceria com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), os derivados lácteos encerraram setembro nos menores patamares de 2025. O estudo aponta quedas mensais de 3,33% no leite UHT, 2,08% na muçarela e 2,13% no leite em pó (valores deflacionados pelo IPCA de setembro).
Como resultado, as médias do mês ficaram em R$ 4,26/litro para o leite UHT, R$ 31,29/kg para a muçarela e R$ 30,13/kg para o leite em pó.
O comportamento de queda reflete o mercado interno de leite mais abastecido e a demanda enfraquecida, após o pico de consumo do inverno.

Importações crescem e pioram a balança comercial do leite
Enquanto os preços do leite recuam, o comércio exterior de lácteos mostra um movimento inverso. As exportações brasileiras de produtos lácteos aumentaram 10,88% de agosto para setembro, alcançando 5,92 milhões de litros em equivalente leite. No entanto, as importações de leite subiram ainda mais — 19,99%, totalizando 198,11 milhões de litros no mesmo comparativo.
Consequentemente, o déficit da balança comercial do leite se ampliou, refletindo a forte entrada de produtos importados, especialmente leite em pó e queijos provenientes da Argentina e do Uruguai.
Segundo analistas, esse cenário pressiona a competitividade da indústria leiteira nacional e exige atenção redobrada aos custos de produção, para evitar impactos mais severos na margem do produtor de leite.
Custos de produção recuam pelo terceiro mês consecutivo
Apesar da queda nos preços do leite, os custos de produção apresentaram alívio em setembro, com retração média de 0,89% no Custo Operacional Efetivo (COE) — o terceiro mês seguido de baixa na “Média Brasil”, segundo o Cepea.
O comportamento, contudo, foi heterogêneo entre as regiões: houve aumento na Bahia, no Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo, queda em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, e estabilidade em Goiás.
Essa redução, ainda que moderada, ajuda a compensar parcialmente a desvalorização do leite, trazendo algum fôlego para os produtores de leite no curto prazo. Por outro lado, a elevação das importações e a oferta crescente de leite no mercado interno devem manter a pressão sobre os preços nos próximos meses.
Perspectivas para o fim de 2025
Especialistas do Cepea avaliam que o último trimestre do ano deve seguir com mercado interno de leite abastecido e pouco espaço para recuperação dos preços. Além disso, a entrada da safra de verão tende a ampliar a disponibilidade de leite, enquanto a demanda doméstica continua limitada pelo poder de compra das famílias.
Em conclusão, o desafio para a cadeia leiteira será equilibrar custos e produtividade, buscando maior eficiência e diversificação de produtos de valor agregado — fatores que podem garantir competitividade e estabilidade de renda em um ambiente de margens apertadas.
 
			  
 
									 
									 
									